Olívia
Eu sempre sonhei em me casar, vestida de branco, andando até o altar com meu pai segurando meus braços. Mas a realidade é diferente. Noah, com certeza, é o noivo dos meus sonhos, mas meu pedido de casamento não foi feito de joelhos, com um anel. Ele colocou alguns papeis na minha frente e pediu que eu os lesse.
— Nosso casamento será rápido, preciso convencer a todos que me apaixonei por você, como se fosse um conto de fadas. Isso vai atrair os olhares para nós. — Ele falou, feliz por isso.
— Aqui está dizendo que me dará um apartamento? — Perguntei, ainda olhando para os papéis. Imagino que um casamento por amor não estava nos planos de Noah, mas aquilo parecia tão frio.
— Sim, é uma boa quantia, não se preocupe, irei assegurar que nunca mais precise trabalhar como camareira. — Ele falou, sorrindo convencido sobre sua proposta.
— Certo. — Falei, passando novamente os olhos sobre o papel. — O casamento deve durar até que obtenha os resultados que espera.
— Sim, quando meus objetivos forem atingidos, podemos nos divorciar. — Ele falou, dando de ombros. A forma fria com que ele havia colocado as informações me irritou.
— Entendo. Peço inclusive que coloque no contrato que qualquer obrigação carnal entre nós não seja obrigatória. — Ele me olha incrédulo.
— Não vejo por quê…
— Está me propondo um casamento sem amor, uma transição de negócios. Não posso permitir que me toque nesse acordo. Isso me faria ser uma prostituta, e isso eu não aceito. — Ele puxa o ar.
— Mas sabe que, se assim for, não poderei ser fiel ao nosso casamento. — Ele falou, convencido de que me faria mudar de ideia.
— Nem eu devo me tornar fiel, é um negócio. Desde que seja discreto, não sei por que não. — Noah sorriu para mim, e senti minhas bochechas queimarem.
— Se assim desejar, claro. — Ele parecia presunçoso, como se soubesse de algo que eu não sabia.
— Seu avô não iria preferir uma mulher da alta sociedade? — Ele revira os olhos.
— Sim, mas quantas garotas da sociedade aceitariam esse acordo? — Ele deu de ombros.
— Não desejo me casar de verdade, Olívia. Não quero que espere amor da minha parte. Eu preciso de uma esposa de aparência, sem drama, e que seja…
— Fácil de administrar? — A verdade é que, em minha atual posição, a proposta de Noah é a melhor. E sei que, com ele ao meu lado, posso conseguir bons advogados, rever o que é meu por direito e finalmente ter acesso ao testamento do meu pai.
— Olívia, quero alguém que não faça da minha vida um inferno depois do divórcio. Acha que consegue fazer isso? — Ele me analisa, como se tentasse saber o que estou pensando.
— Quanto tempo imagina que vamos precisar manter o disfarce? — Ele dá de ombros.
— Até eu conseguir o que eu quero. Pode durar algumas semanas ou um ano, mas isso podemos ir negociando.
Olhei novamente para os papéis.
— Assim que fizer os ajustes, eu assinarei. — Falei, me levantando. — Se amanhã ainda quiser se casar comigo, senhor Carter, podemos prosseguir com nosso acordo.
Senti um frio na barriga quando disse isso. Noah me encarou de uma maneira estranha.
— Por acaso esteve no baile de máscaras? — Puxei o ar.
— Sim, estava servindo as mesas. — Menti, ele balança a cabeça.
— Claro. — Ele desvia o olhar. — Colocarei as suas exigências no contrato e amanhã assinamos, e podemos organizar tudo.
A frieza voltou aos seus olhos. Eu preciso lembrar que Noah Carter me quer para alcançar um objetivo, e eu preciso dele para alcançar os meus. Não existe amor nesse acordo. Me despedi dele com um aceno de cabeça, e ele sorriu.
— Até amanhã, futura senhora Carter. — Não consegui segurar o sorriso frouxo.
— Isso é loucura. — Ele pisca para mim.
— Prometo que farei valer a pena.
Não o respondi. As borboletas no meu estômago estavam enlouquecidas. Uma coisa eu sei: não será nada fácil fingir para Noah que eu sou perdidamente apaixonada por ele há quase um ano.
Saí do quarto do hotel, com o coração acelerado e uma certeza absoluta de que eu iria entrar em um acordo onde eu sairia machucada. E uma parte minha, uma parte que eu tinha deixado esquecer, me faz querer acreditar que, no final, Noah se apaixone por mim e não peça o divórcio.
Enquanto andava pelo corredor, imaginava como seria a reação de todos ao saber que eu fui escolhida como a esposa de Noah Carter. Ri com esse pensamento. Parece uma loucura. Ninguém vai acreditar que ele simplesmente se apaixonou por mim. Caterine irá enlouquecer ao saber disso.
Um dos hóspedes me olhou feio quando passei por ele, como se estivesse irritado por eu estar sorrindo, mas não me importei, porque logo eu seria a senhora Carter, e ninguém iria me olhar com desdém de novo. Assim que desci as escadas para bater o ponto, me deparei com Cairo. Ele me avaliou.
— Por que demorou tanto? — Ele perguntou, desconfiado. — E por que está sorrindo?
— Eu…
— Olívia, não seja tola. Não caia na conversa daquele cafajeste. — Cairo me alertou.
— Não foi nada. — Ele me avaliou.
— Não se engane, Olívia. Você é inteligente demais para cair na lábia daquele cafajeste.
— Precisa de mim para alguma outra coisa? — Ele balança a cabeça em negativa.
— Vá descansar. Amanhã, quando não estiver com a cabeça nas nuvens, conversamos. — Eu sei que Cairo só quer me proteger, mas também acredito no que Noah falou. Ele não tentou me seduzir. Ele foi honesto e me prometeu um acordo que, de fato, irá me favorecer e muito.
— Obrigada. Sabe algo sobre Maya? — Cairo sorri para mim.
— Ela disse que amanhã está aqui. Foi só um susto. — Me senti aliviada. Maya é mãe solo, sei como ela precisa do emprego e Cristine não iria aceitar outra falta.
— Graças a Deus, vou indo. — Falei, batendo o ponto. Com sorte, eu iria chegar antes de Cristine e poderia jantar na cozinha em paz.