Capítulo 04

Olívia

Saí do quarto do Sr. Carter ainda assustada com o pedido feito, desci rapidamente pelas escadas de serviço e tropecei em Cairo, que me olhou assustado.

— O que houve? — Ele perguntou, me segurando para que eu não caísse.

— Eu preciso ir para casa, coisas femininas, Cairo. — Ele me olhou desconfiado.

— Ok.

Saí andando rapidamente. Eu moro no hotel junto com a minha madrasta e as duas filhas dela, porém o nosso apartamento ocupa o último andar inteiro, sendo muito maior que qualquer outro quarto do hotel. Meu pai sempre quis que o hotel fosse nosso lar e, no começo, ele pensava em alugar apenas para famílias. E assim foi por um tempo, mas minha madrasta achou melhor tornar o hotel algo mais aberto, e admito que, com isso, o lucro subiu bastante.

Entrei pela entrada de serviço e corri para meu quarto. Porém, lá parada, estava Catarina. Ela me olhou desconfiada.

— O que faz aqui? Pensei que iria trabalhar mais cedo? — Catarina é um ano mais velha que eu. Ela devia estar fazendo algo da vida, como faculdade ou qualquer coisa, mas, ao invés disso, gosta de acordar tarde, fazer compras e flertar com qualquer um que passe.

— Vim buscar… pegar… O que faz acordada tão cedo? — Ela revirou os olhos.

— Mamãe me acordou com seus gritos. Decidi levantar para tomar meu café e ir para aula de pilates. — Ela falou, dando de ombros. Catarina, apesar de ser tão chata quanto Luana, ao menos ignora minha existência e não tenta me provocar como Luana.

— Entendi. — Falei, passando por ela.

— Olívia. — Ela me chamou, e me virei para encará-la.

— Sim?!

— Acha que meu cabelo fica melhor preso ou solto? — Ela soltou seus cabelos ruivos. A verdade é que ela é linda de qualquer forma. Catarina é simplesmente uma das mulheres mais bonitas que já vi. Seus olhos são negros, profundos e grandes, e seus lábios carnudos. Ela é o tipo de mulher que Noah normalmente leva para a cama, e esse pensamento me irrita.

— Prefiro solto, mas, se vai fazer pilates, é melhor prendê-lo. — Falei, me afastando antes que ela me fizesse mais um milhão de perguntas.

Catarina sabe que é bonita, mas gosta que as pessoas sempre afirmem isso para ela. Por esse motivo, ama paquerar. Se achar que um homem é difícil de conquistar, ela se coloca em desafio para ver quanto tempo ele vai ficar aos seus pés.

Entrei em meu quarto e me sentei na cama, puxando uma revista onde Noah Carter estava na capa. Por quase um ano, venho olhando para essa revista. Ele está de blazer, seus cabelos negros estão perfeitamente arrumados, seus olhos são verdes e aqui, na revista, os destacaram mais. Na capa, está escrito: “O solteirão mais cobiçado”. E, por um ano, me convenci de que Noah é inalcançável. Ele se hospedou a mais de um ano em nosso hotel e, sempre o admirei de longe, até a noite do baile, quando ele se aproximou de mim. No começo, fiquei envergonhada, mas logo me lembrei de que estava de máscara e que ninguém poderia saber quem eu era.

Olhei novamente para a revista e imaginei como seria eu ao seu lado. Por que ele fez essa proposta? Por que brincar comigo assim? E se ele descobriu e pensou em pregar uma peça?

Me levantei, guardando novamente a revista. Provavelmente seja isso, porém uma vozinha na minha cabeça surgiu.

"E se não for? E se, por acaso, o inconsciente dele te reconheceu e se o seu pedido foi atendido?" Essa vozinha me fez sentir como se houvesse borboletas em meu estômago, mas afastei esse pensamento. Não tenho tempo para isso.

Saí novamente do apartamento, me esgueirando com medo que minha madrasta me veja e pergunte por que não estou trabalhando.

Cairo me encarou assim que passei pela porta de serviço do hotel. Seus cabelos brancos e olhos negros penetrantes faziam-no parecer um homem muito sério. E, na verdade, ele é, mas não para mim. Cairo é apenas o tio Cairo, que me dava macarons escondido do meu pai antes do almoço.

— Está tudo bem, mocinha? — Balancei a cabeça e olhei para o carrinho com o número 106 em cima.

— Vou levar agora mesmo. — Falei, pegando o carrinho. Prefiro limpar os quartos quando estão vazios, ao invés de servir. Uma parte de mim quer muito que os hóspedes não me vejam assim, quando finalmente eu conseguir ter a parte do hotel que é minha.

Sei que é algo banal, mas, por mais ridículo que seja, sei que, quando descobrirem que a filha do dono do hotel limpa a bagunça que eles deixam no quarto, eles não irão me olhar com o mesmo respeito com que olham para Catarina e Luana.

Passei o restante do dia pensando no que eu diria se ele me encontrasse e fizesse a proposta de novo. Minha cabeça fervilhava de dúvidas e medos. E se ele nunca mais o fizesse? Se aquela foi a única oportunidade que tive? E se eu voltar até seu quarto e falar que aceito? Mas toda a minha dignidade será jogada pela janela.

Passei sutilmente pelo seu corredor algumas vezes, na tentativa de encontrá-lo, mas não o encontrei. E ele não pediu almoço, então não havia possibilidade de encontrá-lo da mesma forma novamente, já que Maya volta amanhã e volta ao seu trabalho.

Já estava terminando meu expediente quando olhei para o relógio. Noah só estava brincando comigo. Entrei na cozinha para avisar a Cairo que iria bater o ponto.

— OlÍvia, sei que estou exigindo muito de você hoje, mas poderia, por gentileza, levar o jantar para o 203? Prometo que este é o último. As meninas da tarde já chegaram, mas, por algum motivo, o Sr. Carter deseja que a garota que levou o café dele leve o jantar. — Cairo me olhou desconfiado. — Aconteceu algo que eu deva saber?

— Não. — Balancei a cabeça negativamente, mas não o convenci.

— Se ele tirou alguma liberdade...

— Não aconteceu nada. — Falei, pegando o carrinho e puxando o ar. — Vou levar, depois estou liberada?

— Sim, trabalhou muito hoje. Volte amanhã no seu horário. — E, enquanto caminhava novamente por aquele corredor empurrando o carrinho de comida, a única coisa que passava pela minha cabeça era o que ele, de fato, quer comigo?

Bati na porta e Leandro abriu. Ele estava devidamente vestido desta vez. Seu olhar parecia mais sério.

— Por favor, sirva a mesa. — Ele falou, se virando e indo em direção ao seu quarto. Meu coração parecia querer sair pela boca, mas permaneci quieta. Apenas caminhei até a mesa de jantar e a montei, colocando as coisas no devido lugar. Ele pediu lagosta, algo caro. Na verdade, ele sempre pede pratos caros.

Terminei de arrumar a mesa e ele continuava ausente. Me certifiquei de que estava tudo certo e me afastei da mesa. Por que ele exigiu a minha presença se não falaria nada para mim?

Estava chegando na porta quando ouvi um pigarro.

— Não lembro de tê-la liberado. — Ele falou, e eu me virei para encará-lo.

— No que mais posso ser útil? — Ele me avaliou e sorriu.

— Venha, sente-se à mesa. Vamos conversar sobre a proposta que fiz a você nesta manhã. — Puxei o ar, e senti minhas pernas tremerem.

— O que deseja com isso, senhor? — Ele sorriu.

— Quando um homem pede uma mulher em casamento, Olivia, é a forma dele dizer que a quer pelo resto da vida. — Ele sorriu mais uma vez.

— Eu só não entendo o porquê. — Falei. Ele puxou a cadeira.

— Venha, vamos conversar sobre o porquê nosso casamento será vantajoso para ambos.

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