Capítulo 03

Noah

Me sentei com o celular ainda em mãos. Não era um blefe; o velho tinha colocado no testamento sobre o casamento, e meu irmão conseguiu uma noiva. Eu tenho 60 dias para conseguir a minha e arrastá-la até o velhote na noite de Natal, onde enfim conseguirei minha cadeira de CEO. Mas a questão é: com quem casar? Não confio em nenhuma mulher para isso. Assim que eu conseguir o cargo ficarei com presso alguém que não amo, e se pedir o divorcio terá direito aos meus bens ou tentará tirar o máximo que conseguir. Preciso de uma mulher ingênua, fácil de manipular. A questão é que não conheço mulheres ingênuas. Não sou o tipo de homem que anda com mulheres ingênuas.

A lembrança da garota que conheci na noite do baile veio à mente. Ela parecia tão pura. Me lembro de olhá-la do outro lado do salão; ela usava um vestido vermelho e uma máscara prateada, parecia encantada com cada coisa, ao mesmo tempo em que parecia estar com medo de algo. Me aproximei pela beleza, seus cabelos negros caíam como cascatas sobre seu ombro. O vestido vermelho destacava sua pele clara. A noite com aquela garota foi pura, apenas flertes, e me pergunto se, não tivesse recebido aquela ligação, teria lhe roubado um beijo, se ela me deixaria vê-la. Mas ela sumiu depois do baile. Questionei os funcionários, mas nenhum soube me informar quem era a moça. Eu a perdi naquela noite e provavelmente nunca irei saber quem era.

Porém, se eu descobrisse quem ela é, com certeza a pediria em casamento.

Balancei a cabeça para me livrar desse pensamento. Não tenho tempo para procurar a garota misteriosa que se negou a tirar a máscara. Provavelmente, ela era casada ou não deveria estar ali. A lembrança do colar de diamante e seu medo de ser reconhecida me veio à mente. Com certeza, ela era esposa de algum velho e escapuliu à noite para se divertir.

Puxei o ar.

Preciso me casar rápido, e com alguém facilmente manipulável, que seja fácil de descartar depois, sem levar minha fortuna junto.

Um dilema: onde vou conseguir alguém assim?

Preciso que seja ingênua, mas não burra. Que seja bonita, mas não muito jovem. Preciso convencer o velho de que estou apaixonado por ela. Ele quer um casamento de verdade, e não um inventado de última hora. Por isso, é importante que ela pareça apaixonada por mim, mas mulheres que gostam de fingir com certeza não irão convencer meu avô. Além de que, posso ser chantageado depois.

 Me levantei, preciso de um banho. Aquele bastardo saiu na frente, mas não deixarei ele vencer. A cadeira de CEO será minha.

Assim que saí do banho, ouvi a batida na porta. Meu café seria servido. Tinha pedido antes da ligação, agora estou sem fome. Onde vou arrumar uma mulher tão rápido? Me enrolei na toalha e abri a porta. Para minha surpresa, não era a moça baixinha quem trouxe meu café, mas sim outra garota. Seus olhos recaíram sobre meu corpo semi-nu, e a vi corar quando percebi que notou.

— Pode entrar, docinho. Me desculpe por atendê-la assim, vou colocar o roupão. Pode colocar a mesa. — Falei, me afastando e deixando-a entrar.

A olhei enquanto coloca a mesa. Não é tão habilidosa quanto outra, mas sua presença me agrada aos olhos. Alguns cabelos negros se soltam da touca horrível que ela está usando. Ela é muito bonita, e posso dizer que, se não tivesse com esse uniforme horrível, até seria atraente. E como se algumas peças se encaixassem, percebi que talvez o universo me amasse o bastante para colocar no meu quarto exatamente o que preciso: uma garota ingênua, pobre e bonita. Posso tornar essa garota uma boa esposa, se assim eu quiser.

Me sentei à mesa e continuei avaliando. Não tem aliança na mão esquerda, ela parece perceber que estou a encarando e fica corada, o que a torna ainda mais bonita.

— Como se chama? — Perguntei, por fim.

— Olívia. — Ela falou rápido e vi que estava nervosa. — Posso ajudar em algo mais?

Ela perguntou, e enquanto a olho, sinto um pulsar diferente em meu coração. A certeza de que ela será perfeita para o meu plano.

— Sabe de uma coisa? — Sorri, certo de que ela aceitaria meu pedido. — Pode sim, Olívia.

— E no que seria, senhor? — Vejo que sua perna mexe apressada. Ela está muito nervosa, seja lá o que já lhe foi proposto por outro hóspede, parece esperar que eu faça o mesmo.

— Por acaso tem namorado? — Ela balança a cabeça negativamente e parece desconfortável em compartilhar essa informação.

— Não, senhor. — Então, decidi ali que jogaria os dados que o universo me enviou. Tornaria ela a minha esposa e conseguiria vencer de uma vez por todas o meu irmão.

— Então, me faça um grande favor e se case comigo? — A garota arregalou os olhos e então ajeitou o uniforme.

— Perdoe-me, senhor. Não consegui compreender a piada. — Ela falou com a voz trêmula.

— Preciso me casar, Olívia. — Falei, me levantando para encará-la.

— O senhor nem me conhece. — Eu sorri para ela.

— Não pode ser pior do que as mulheres que eu conheço. — Ela me olha como se estivesse duvidando da minha sanidade.

— O que pretende com isso? — Ela parece ofendida. — Não se brinca com alguém dessa forma, senhor. Não pense que me fazendo propostas me terá em sua cama. Não sou tola, sei de sua fama. Com licença, tenho muito o que fazer.

Eu sorri enquanto a via sair correndo pelo quarto. Olívia tem ainda a coisa mais importante entre todas que eu pensei:  tem caráter. Não irá querer me roubar. Ela acaba de se tornar a eleita. A tornarei a minha esposa, custe o que custar.

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