Finalmente cheguei à casa dos meus pais. Estou parada na porta tomando coragem para tocar a campainha, respiro fundo e faço isso, toco. A porta abre mais rápido do que eu esperava, quem abre é uma menininha que me chega pela altura do umbigo.
— Sobrinhaaaaa! — Salomé vem me abraçar eufórica.
— Minha tia favoritaaaaa! — correspondo ao abraço igualmente eufórica, balançando-a de um lado para outro.
Sim, eu tenho uma tia de 11 anos. É estranho? Aprendi a conviver com isso. A história é assim. Meu avô paterno Lemuel refez sua vida com Selena, uma mulher mais jovem que ele, que ele conseguiu engravidar. Para complicar mais a situação, Selena é a melhor amiga da minha mãe. Era, antes do nascimento de Salomé.
— Vocês poderiam parar de se chamar assim? Quanto mais vocês crescem, mais estranho isso soa... — comenta Selena entre dentes.
Ela está na cozinha com minha mãe, ambas entre legumes picados e panelas fervendo. Devem estar preparando o jantar.
— Não seria o contrário? Já estamos acostumad