Lucile
Os dias seguintes se arrastaram entre o cheiro estéril de álcool no hospital e o frio cortante da ausência de Russ. Eu me recusava a pensar nele, mas a cada esquina do corredor, a cada vez que ouvia passos firmes atrás de mim, meu coração esperava vê-lo ali. E sempre se despedaçava no vazio.
O tratamento de minha mãe finalmente começou. Para minha surpresa, trouxeram os protocolos da Ásia sem que fosse necessário viajar. Vi as bolsas translúcidas penduradas, descendo lentamente pela veia fina e frágil da minha mãe, e tive a sensação de que cada gota era uma semente de esperança. Eu me mantinha ao lado dela, quase como se minha presença pudesse servir de escudo.
As primeiras semanas foram de angústia, observando cada reação, cada gesto. Mas então… pequenos sinais surgiram. A febre cedeu, a coloração da pele melhorou, e até o olhar dela parecia menos cansado. Eu queria acreditar que aquilo era o início de um milagre.
Nesse meio-tempo, Harriet me procurou no hospital.