RUSS
Deixo Lucile em casa, mas levo comigo a sensação de que deixei também uma parte de mim naquela porta. Ainda sinto o gosto dela na boca, ainda ouço o riso dela preso nos meus ouvidos. Eu queria ter ficado. Queria ter segurado sua mão até a noite chegar de novo, e o sonho se repetir. Porque estar com ela, nos meus braços, no seu perfume, é sempre um sonho.
O celular vibra no console. Número do hospital. O coração dispara.
Atendo antes mesmo de pensar.
— Russel Spencer.
A voz do outro lado é calma demais para não me preocupar. Em segundos, estou ligando o carro outra vez, acelerando pelas ruas quase vazias. O nó no estômago cresce a cada sinal vermelho que parece se arrastar.
Quando chego, não espero ninguém me orientar. Entro direto, como se meus pés soubessem o caminho. O quarto está em meia-luz. E lá está ela: Corinne. Tão frágil, mas ainda assim com aquele sorriso teimoso no rosto, como se quisesse enganar a dor.
— Como se sente? — pergunto, já me aproximando, sen