Gabriela narrando (continuação)
Assim que a porta se fechou, deixei a caneta cair na mesa e afundei o rosto nas mãos.
O Rodrigo tinha esse efeito em mim. Um silêncio que falava muito. Um olhar que cutucava fundo. Ele não forçava nada, não fazia rodeio… mas quando me olhava daquele jeito, parecia que enxergava tudo o que eu tentava esconder.
E isso me desequilibrava.
Porque desde que entrei na empresa, há dois anos, ele sempre esteve ali. Sério, firme, competente. Era o tipo de homem que impunha respeito só de estar presente. E por mais que eu nunca tenha dito em voz alta… eu já tinha reparado nele.
Claro que tinha.
Rodrigo era lindo. Alto, corpo forte, barba sempre por fazer, aquele jeito de quem viveu muito, mas fala pouco. Ele era o tipo de homem que entrava em uma sala e ninguém ousava interromper. E eu? Eu era só a filha do chefe. A novinha metida a empresária, tentando provar que merecia o cargo que me deram.
Durante muito tempo, me convenci de que o que eu sentia era pura admira