Gabriela narrando :
Acordar hoje foi como levantar depois de um furacão.
Abri os olhos devagar, e por um segundo, achei que tinha sido um pesadelo. Que tudo aquilo, o apartamento, a traição, o tapa, o choro no colo da minha mãe, era coisa da minha cabeça.
Mas aí eu olhei pro criado-mudo.
E vi a aliança… jogada ali, fria, sozinha.
A lembrança de que não era um sonho.
Era real.
Cruelmente real.
Respirei fundo, tentando conter a onda de tristeza que ameaçava subir de novo. Meu rosto ainda tava inchado, os olhos pesados, a cabeça doendo como se eu tivesse chorado uma vida inteira, e talvez eu tenha mesmo.
Me virei na cama e olhei pro teto por uns segundos.
Eu tava cansada.
Da dor.
Da vergonha.
De tudo.
Mas eu sabia que precisava me levantar. O mundo não ia parar porque meu coração tava em pedaços. E a empresa também era minha. Eu não ia deixar que a traição de dois canalhas me desmontasse por completo.
Levantei devagar, fui até o banheiro e encarei o espelho. Cabelos bagunçados.
Olheiras