Guilherme narrando:
A ambulância cortava a cidade com sirene ligada, mas pra mim o tempo parecia correr diferente. Eu olhava pra Camila ali deitada, com aquele rosto marcado pela fuligem, os olhos cansados e ainda assim, linda.
Viva.
E isso já era mais do que o suficiente pra mim.
Eu segurava a mão dela como se tivesse voltado no tempo, lembrando de tudo que a gente passou pra chegar aqui. E por mais que ainda tivesse o gosto amargo da perda da Jamile, de tudo que ela se tornou, meu coração só conseguia focar nela.
A médica conferia os sinais, tranquila, mas firme.
Os batimentos dela estão estáveis. Vamos chegar no hospital em menos de cinco minutos.
Camila virou o rosto pra mim e sussurrou:
— Só quero saber do nosso bebê, Gui… se ele tá bem…
— Ele tá, amor — falei, encostando minha testa na dela. — Ele é guerreiro. Puxou você.
Ela deu um sorriso fraco, mas foi o suficiente pra me desmontar. Porque ver aquele sorriso ali, depois de tudo que ela passou, era como ver o sol nascendo depo