O peito de Sterling foi atingido por uma mancha de vômito que Clarice acabara de expelir. O cheiro ácido e desagradável subiu imediatamente, invadindo o ar de forma insuportável.— Clarice... — Sterling a chamou entre os dentes cerrados, sua voz carregada de irritação. Ela estava tão desconfortável assim com o beijo dele? Ao ponto de vomitar? Clarice, percebendo o que havia feito, pegou algumas toalhas de papel às pressas e começou a limpar a roupa dele. — Me desculpe, eu não fiz de propósito! Assim que terminou de limpar a camisa dele, sentiu o estômago revirar novamente. Sem sequer olhar para Sterling, ela saiu correndo do escritório e foi direto para o banheiro. Por sorte, no almoço com Paula, ela havia comido pouco, então, depois de vomitar, seu estômago finalmente se acalmou. Clarice se apoiou na pia, abriu a torneira e lavou a boca. Mas, antes que pudesse recuperar o fôlego, uma voz sarcástica soou atrás dela: — E eu achando que você era toda certinha! No fim das co
Sterling ergueu os olhos e encarou Clarice. Os olhares se encontraram, e ela, instintivamente, fechou as mãos em punho. Seu coração disparou, uma sensação de nervosismo tomou conta dela. — Clarice, por que você tem vomitado com tanta frequência? Está grávida? — Ele perguntou, com o tom casual, mas firme. Teresa, quando estava grávida, vomitava muito e tinha pouco apetite, e a situação de Clarice parecia suspeita. Clarice sentiu as pálpebras pularem de ansiedade. Ela segurou o pânico e respondeu com uma voz fingidamente tranquila: — Você mordeu minha língua tão forte que abriu um corte. O gosto forte de sangue na boca é horrível, me deu ânsia e eu não consegui segurar! Por que você está tão obcecado com a ideia de eu estar grávida? Está querendo que eu tenha um filho seu? Ela não fazia ideia se sua desculpa seria convincente o suficiente. Mas se ele não acreditasse, era certo que ele a arrastaria para um hospital. Um simples exame de sangue seria suficiente para revelar a verdad
Ao ouvir a voz, Isabelly virou-se bruscamente. Quando seus olhos encontraram Sterling, ela sentiu o coração disparar tanto que parecia que iria saltar pela garganta. “Que homem lindo! Que voz maravilhosa! E que corpo... Ele é o grande chefe?” Clarice caminhou rapidamente até Sterling, posicionando-se diante dele. — Você não disse que ia voltar para a empresa? Vai logo! Agora que a porta estava aberta, bastava Isabelly gritar uma única vez, e todos os funcionários do escritório correriam para ver o que estava acontecendo. Clarice não tinha a menor intenção de tornar pública sua relação com Sterling. Afinal, eles estavam prestes a se divorciar, e ela não queria virar assunto de fofoca no escritório. Sterling, por outro lado, ficou irritado com a expressão nervosa dela. Era tão óbvio que ela fazia de tudo para evitar ser associada a ele. — Clarice, você... — Sterling começou a falar, mas não conseguiu terminar. Clarice estendeu as mãos e o empurrou para fora da sala. Em seguid
Isabelly foi embora, deixando Clarice e Sterling frente a frente. — O que vocês estavam falando agora? Clarice, você está escondendo alguma coisa de mim? — Sterling perguntou, estreitando os olhos. Ele sentia que havia algo estranho em Clarice, mas não conseguia identificar exatamente o que era. Clarice sentiu o coração apertar, mas rapidamente recuperou a calma. Ela sorriu e respondeu: — Sterling, você pode investigar tudo sobre mim, eu poderia esconder alguma coisa de você? Ela sabia que ele era desconfiado por natureza e que seus segredos não ficariam escondidos por muito tempo. Por isso, precisava sair da vida dele antes que ele descobrisse a verdade e colocasse em risco o bebê que ela carregava. O sorriso dela parecia forçado, o que só aumentou a desconfiança de Sterling. Ele começou a se perguntar o que, afinal, Clarice estava escondendo dele. Ele deu um passo à frente e estendeu a mão para puxá-la pelo braço, mas foi interrompido por uma voz feminina atrás dele. —
Teresa pensou por um momento, tentando entender o que estava acontecendo, mas, por mais que tentasse, não conseguiu chegar a nenhuma conclusão. No fim, respirou fundo, mordeu o lábio e, com a voz baixa, disse: — Sterling, estou com vontade de vomitar. Você pode me ajudar? Ao ouvir Teresa dizer que queria vomitar, Sterling não pôde evitar lembrar de Clarice vomitando em cima dele mais cedo. Teresa vivia reclamando de enjoos por causa da gravidez, mas Clarice também havia vomitado de forma inesperada. Será que era possível que Clarice estivesse mesmo grávida? Sterling ficou em silêncio, perdido em seus pensamentos. Teresa, ao perceber sua reação, começou a se sentir inquieta. Ele nunca agia assim na frente dela. Por que estava tão diferente naquele dia? Enquanto mil pensamentos passavam por sua cabeça, a voz grave de Sterling interrompeu o silêncio: — Você ainda quer vomitar? Teresa assentiu freneticamente, emitindo um som baixo de confirmação. Sem dizer mais nada, Sterli
Quando Isabelly chamou Clarice para fora da sala, a mulher deu de cara com a cena de Sterling saindo apressado, carregando Teresa nos braços. Clarice forçou um sorriso amargo enquanto observava a cena. Mesmo ela sendo a esposa legítima, eles não faziam questão de esconder sua intimidade. Abraçados daquele jeito, era como se Clarice nem existisse. Sem hesitar, ela pegou o celular e tirou duas fotos rapidamente. Ao se virar, viu Isabelly sorrindo de forma maldosa, claramente se divertindo com a situação. Clarice achava impressionante como Isabelly podia ser tão tola. Estava sendo usada e ainda assim parecia satisfeita com isso. — Clarice, deve ter doído ver o grande chefe tão apaixonado pela Sra. Teresa, né? — Isabelly provocou, com um sorriso tão largo que seus olhos se estreitaram. Na cabeça dela, Clarice finalmente se daria por vencida. — Nunca vi alguém tão burro como você. — Respondeu Clarice, sem sequer alterar o tom de voz. Então, passou por Isabelly sem dar mais atenção
Clarice recolheu os pensamentos e, com o rosto pálido, disse: — Preciso resolver algo, volto depois. Assim que terminou de falar, ela pegou a bolsa e saiu apressada. Lilian observou a colega se afastar, com uma expressão de preocupação no rosto. O que poderia ter acontecido para Clarice estar tão abalada daquele jeito? Assim que saiu do escritório, Clarice não conseguiu mais segurar as lágrimas. Elas escorreram pelo rosto, carregadas de dor e angústia. O motorista, ao perceber seu estado, ficou preocupado. Ele tentou confortá-la: — Chorar não resolve nada, moça. Seja forte. Clarice virou o rosto para a janela, olhando as ruas enfeitadas com verbenas florescendo. Elas pareciam ainda mais vibrantes naquele dia, mas para ela eram como uma provocação. Teresa adorava verbenas, e Sterling, para agradá-la, havia mandado decorar todas as ruas de Londa com aquelas flores. Ele realmente fazia tudo por Teresa, não fazia? O motorista, sem entender o motivo das lágrimas dela, contin
Durante os dois anos em que Clarice foi enviada para o interior, sua avó, Fernanda, sempre a chamava carinhosamente de “Clari”. Os ovos que as galinhas e os patos botavam eram todos reservados exclusivamente para ela.Naquela época, mesmo vivendo no campo, Fernanda mantinha sua elegância. Vestia saias o ano inteiro, e sua beleza e postura faziam Clarice acreditar que ela nunca havia pertencido de fato à vida rural.— Clari, vem aqui, deixa eu te olhar! — A voz de Fernanda era fraca, mas ainda carregava o mesmo carinho de sempre. Após dormir por tanto tempo, ela estava muito debilitada. Mesmo aquelas poucas palavras pareciam consumir toda a sua energia, e ela ficou ofegante.Clarice se apressou em ir até a cama e sentou ao lado dela. Com cuidado, colocou a mão no peito da avó, ajudando-a a respirar melhor.Diante de seus olhos, Fernanda parecia apenas pele e osso. Ainda assim, era possível enxergar as linhas delicadas do rosto que, em outros tempos, tinha sido incrivelmente belo.— Minh