Capítulo 2. Revelação

No dia seguinte, quando desceu as escadas, ouviu uma conversa em voz alta vinda do escritório. Olhou em volta e não viu nenhum empregado e nenhum familiar, então desceu na ponta dos pés para escutar.

— Mas papai, era eu que deveria casar com ele e não ela? — Reclamava Raquel.

— Farei isso pelo seu bem, não sei como é o comportamento daquele homem na intimidade. Apesar de ele estar limpando o nome e se comportando como um homem da sociedade e de boa educação, não podemos esquecer de que era um traficante. 

— Mas eu gosto dele e ele gosta de mim... — Insistia Raquel, chorando. 

— Seu pai sabe o que está fazendo minha filha. Lia é mais experiente e com certeza saberá lidar com ele e você ainda é muito nova, não vai conseguir domar um homem daquele porte. 

“Então é isso que eles estão querendo fazer? Unir duas empresas através do casamento e me usando como o boi de piranha? Acho que fiquei muitos anos fora de casa e o amor se acabou, pois que pai faz isso com uma filha nos dias de hoje?”

 Os pensamentos dela deram voltas, mas rapidamente traça um plano, não podia confiar neles e tão pouco ficar naquela casa, ou seria usada de todas as formas possíveis. Saiu de onde estava, andando de mansinho e foi para a sala de jantar, mas a mesa não estava posta para o desjejum, então seguiu até a cozinha, encontrando o mordomo.

— Bom dia, Adalberto. O que está acontecendo por aqui? 

Ele olhou em volta para ver se havia algum familiar por perto. 

— A empresa não vai muito bem, os últimos contratos que seu pai fechou só deram prejuízo e por isso, ele precisa com urgência desse novo contrato. Está até aceitando se unir ao capeta para conseguir reerguer a empresa.

— As coisas estão tão ruins que não se coloca mais a mesa do café da manhã? E os empregados, só tem você? — Sim. Está tudo muito difícil, mesmo. Só temos uma faxineira, que já está arrumando os quartos, aliás, me perdoe por seu quarto não estar arrumado, mas realmente, não a esperávamos ontem.

 — Sei disso e sou muito grata a você. Não sei o que aconteceu, mas vou investigar, enviei e-mails todos os meses para avisar como eu estava e não recebi respostas. Também enviei remessas de dinheiro e meu pai não precisava estar passando por essa situação. 

Adalberto se aproximou mais dela, se abaixou e sussurrou: — A única que parece não se preocupar com dinheiro, é a senhorita Raquel, ontem mesmo ela comprou um vestido novo com par de sapatos e bolsa combinando.

Tudo de marca. 

Lia sabia que podia confiar em Adalberto, ele era um cinquentão que trabalhava com a família desde a época do seu avô e conhecia todos na casa, se ele estava dizendo que Raquel era a única que estava gastando sem preocupação, era a confirmação do que ela estava pensando. 

— Sente-se, senhorita Lia, vou lhe servir o café da manhã.

— Vou deixar um cartão para fazer as compras e pagar mais uma faxineira e uma cozinheira, não mencione a eles, deixe que pensem o que quiserem... 

— Sim, senhorita, que bom que chegou.

Ele serviu exatamente o que ela costumava comer quando ainda morava ali, ovos mexidos, torradas e café com leite. Também havia um bolo de laranja e biscoitos de massa folhada. Ela comeu com gosto e quando terminou, agradeceu e avisou que estava saindo. Chamou um carro de aplicativo e não se despediu de ninguém, pois ainda estavam discutindo no escritório da casa. 

Foi direto para o seu escritório, mesmo do exterior, administrou todo o processo de implantação. Chegando, já era esperada e ao entrar, avistou uma faixa de boas-vindas e parabéns. Sua equipe consistia em seis funcionários: uma recepcionista, uma secretária, uma pesquisadora, uma arquiteta e uma advogada. Todas aplaudiram sua entrada e ela agradeceu efusivamente, pois estava muito feliz. 

— Parabéns, chefinha, você estava linda, alguém gravou e postou na internet. — disse Cássia, a pesquisadora, uma jovem baixinha, mas muito alegre e espevitada.

— Eu não queria que aparecesse na internet, nem na televisão, em lugar nenhum pra falar a verdade, preciso muito ficar oculta daqui pra frente.

— Vou cuidar disso, então. 

Foram cada uma para o seu lugar e ela para o escritório com a advogada e a outra arquiteta, a secretária as seguiu e relatou a agenda do dia. 

— Cecília, ligue para o banco e marque uma hora com o gerente o mais rápido possível. 

— Sim, senhora.

As três conversaram sobre o novo escritório e os projetos que tinham para executar, quando deu a hora da abertura do banco, Lia saiu para se encontrar com o gerente. Chegando lá, foi muito bem recebida, pois o gerente sabia quem ela era e dava muito valor a sua enorme conta bancária. 

— Parabéns, senhorita Moura! Soube da sua vitória e seu prêmio já foi depositado, vamos falar de investimentos?

— O senhor sabe que não sou eu quem cuido disso; com certeza ela entrará em contato ou o senhor verificará as transações pela internet. Meu assunto hoje é outro...

 

— Pode falar, a atenderei no que for possível.

— É sobre as remessas que tenho feito do exterior para cá e transferido para a conta da família. Gostaria de saber se foram recebidos e quem recebeu?

— Vou verificar... — Virando-se para o computador, começou a digitar rapidamente e conforme os dados foram aparecendo, ele franzia a testa. — O dinheiro foi transferido para uma outra conta e em seguida para outro banco, mas já acionei o programa para rastrear o caminho do dinheiro. 

— Tem o nome da pessoa que fez essa transferência?

— Ela foi feita através da internet, quem fez tem acesso a conta com a senha e os dados pessoais do titular.

— Acaso o senhor tem aí a lista de quem tem acesso a essas contas? Ou mesmo para qual conta foi transferido o dinheiro?

Ela o viu movimentando novamente o teclado e em seguida virou para ela a tela para que visse. 

— Não dá para ver quem acionou a conta, mas a transferência foi feita para a conta da sua irmã, aqui mesmo neste banco e da conta dela foi para o nosso banco concorrente. 

 — Era o que eu suspeitava. O senhor pode me dar uma cópia dessa transação, meus pais não sabem que ela andou mexendo na conta da família e quero mostrar a eles um comprovante de que realmente eu enviei todo esse valor. 

 — Sim, vou lhe dar a cópia desses extratos e farei melhor, enviarei para o seu e-mail todos os depósitos e retiradas feitas nos últimos anos. 

— Uau! São muitas informações, mas agradeço, pois embora tenha sido minha irmã quem fez as transferências, não deixa de ser um roubo, já que ela não contou nada para os meus pais e usou o dinheiro como bem quis. 

— Sinto muito por isso, mas infelizmente, nós não temos controle de quem acessa a conta virtual. Se a pessoa tiver os dados e a senha, fica fácil até mudar o acesso.

— Está tudo bem, o senhor me ajudou bastante. Continuaremos trabalhando juntos e aguarde minha gerente financeira.

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