Vincent
continuação
O ar da madrugada cortava como navalha quando deixamos o quarto, Mirella aninhada em meus braços, o pequeno entre nós, envolto em um cobertor que encontrei no cativeiro. Cada passo era uma oração muda, uma promessa de que nunca mais alguém tocaria na minha família.
Julian surgiu no fim do corredor, o rosto sujo de fuligem e suor, o olhar grave.
— Setores limpos. Três capturados vivos — disse ele, mas a voz carregava raiva. — O resto... bom, não vão mais incomodar.
Assenti. Não queria saber nomes, histórias, justificativas. Se encostaram nela, já estavam mortos pra mim.
— E a médica?
— Morta. Tentou se esconder no vestiário com outro comparsa. Lorenzo cuidou disso.
Apertei Mirella um pouco mais, protegendo sua cabeça contra meu peito.
— O carro está pronto? — perguntei.
— Estacionado na saída norte. Já avisamos o helicóptero pra evacuação aérea. Mas com o bebê... talvez seja melhor o trajeto de carro até o hospital da base.
— A gente vai de carro. Eu mesmo dirijo