Dom Mangano
Às vezes, o silêncio grita mais alto do que mil vozes. Desde que soube que ia ser avô, o mundo desacelerou pra mim. E, ao mesmo tempo, parece que cada batida do relógio tem um peso diferente. Um aviso. Um lembrete.
Vincent vai ser pai. Meu filho, vai ser pai um pouco mas rápido do que imaginei.
Aquele mesmo moleque que chegava em casa com o joelho ralado e o peito inflado de orgulho por qualquer bobagem. O mesmo que um dia bateu a porta na minha cara dizendo que nunca queria ser como eu. E agora… olha ele. Construindo algo que eu nunca soube manter com tanta calmaria como ele .
Às vezes fico parado na varanda do meu quarto , olhando o céu mudar de cor, e me pergunto em que momento a vida virou esse espelho rachado. Cada trinca uma escolha, cada lasca um erro.
Eu não fui um bom pai.
Fui presente nos negócios, ausente na essência. Dei poder, dei dinheiro, dei um sobrenome que pesa como chumbo… mas demorei a dar afeto. E mesmo assim, Vincent me olha hoje com um respe