— Como não conseguiram voltar para a cidade a tempo, minha mãe foi levada para o único hospital de Campina do Sol. Naquela mesma noite, outra mulher grávida também deu entrada… — a voz de Amara soava calma, mas seus olhos carregavam algo mais profundo.
Pitter, atento, já imaginava o rumo daquela história, mas mesmo assim perguntou:
— O que aconteceu depois?
Amara deu de ombros, como se tentasse minimizar a gravidade do que iria revelar:
— Foi um verdadeiro desastre. O hospital era pequeno, mal administrado, com poucos funcionários. No meio da confusão, as duas meninas que nasceram naquela noite foram trocadas… e o erro só foi descoberto dezoito anos depois. Você sabia que Melissa tem o mesmo tipo sanguíneo que eu? Foi isso que permitiu que a troca passasse despercebida por tanto tempo.
— E como descobriram? — Pitter quis saber, a voz baixa, quase cautelosa.
Um sorriso irônico surgiu nos lábios de Amara, e ela lançou um olhar brincalhão para ele:
— Ah, devo isso ao meu tio desajustado.