Certa vez, Pitter olhou nos olhos do Dr. Lin e perguntou:
— Como é... estar apaixonado por alguém?
Dr. Lin sorriu, paciente, como se já tivesse ouvido essa pergunta outras vezes.
— Você vai saber... quando conhecer essa pessoa — respondeu com simplicidade.
Naquele momento, Pitter achou a resposta vaga. Mas foi só conhecer Amara que entendeu o real significado daquelas palavras. Não foi uma epifania. Foi um incômodo suave no peito que, aos poucos, se tornou constante. Era ela. Sempre foi ela.
— Parabéns! — disse Dr. Lin, genuinamente contente. — Você deveria saber que muitos assexuais jamais conhecem alguém assim durante toda a vida.
A assexualidade era uma orientação que ainda gerava confusão. Não se tratava de um medo do amor ou de traumas passados. Simplesmente, era um desinteresse por relações sexuais. E foi justamente por isso que, há cinco anos, a mãe de Pitter pedira a Pietro que o dopasse... um segredo que ele guardava com um nó na garganta.
— Podemos chamar isso de milagre em