Helena narrando
  O barulho suave da cortina sendo mexida pelo vento foi o que me despertou. A claridade da manhã entrou pela fresta, iluminando o quarto que ainda parecia surreal demais para ser meu. Cobertura. Aquela palavra ecoava dentro da minha cabeça como se fosse um sonho que não combinava com a minha realidade. Mas era real.
  Espreguicei devagar, deixando escapar um suspiro preguiçoso, e fiquei olhando para o teto por alguns segundos. Eu precisava me convencer de que não era um delírio. Que aquilo fazia parte da minha vida agora — mesmo que de fachada, mesmo que imposto pelas circunstâncias.
  Levantei, sentindo o frio gostoso do piso nos pés, e fui direto para o banheiro. Abri o chuveiro, deixando a água cair enquanto tirava o pijama. O vapor preencheu o ambiente, e logo a água quente escorria pelo meu corpo.
  Fechei os olhos, deixando a água bater no meu rosto. Por alguns instantes, pensei na minha mãe. Se ela estivesse consciente, teria o mesmo orgulho de sempre, diria q