Lorenzo narrando..
  O silêncio que ficou depois que a porta se fechou foi quase ensurdecedor. Eu fiquei parado, imóvel, respirando fundo.
  Porrä. Eu nunca vi aquele homem falar daquela forma. Nunca.
  Ele me enfrentou como se eu fosse um inimigo declarado. Não como filho, não como sucessor, mas como ameaça. E a parte que me desmontou por dentro não foi o tom, nem a raiva estampada nos olhos dele. Foi a garra. A forma como ele defendeu aquela menina.
  Helena.
  Eu escolhi ela de propósito.
  Meu pai me pressionava para casar, para construir uma imagem de estabilidade, para mostrar ao mundo — aos acionistas, aos tubarões do mercado, aos jornalistas — que eu não era apenas o bilionário frio que comandava a V-Tech, mas também um homem “equilibrado” aos olhos da sociedade. Ele queria uma noiva. Eu, cansado dessa obsessão dele, decidi devolver na mesma moeda.
  E foi aí que Helena entrou.
  A faxineira. A garota invisível que tropeçou na minha frente, que derramou café na minha camisa e