Clara nem olhou para o pai, não enxergava nada além de Luigi, mas Sombra brincou com o amigo.
— Kenro? Achei que o fresquinho fosse italiano.
— Também achava.
A menina começou a chamar o namorado de Kenro depois de uma noite que ele apareceu vestindo um terno branco impecável, os cabelos alinhados como os de um galã de revista e um buquê de flores tão exagerado que mal cabia nos braços dela. Parecia um boneco de luxo, um Ken mafioso, um príncipe fora do tempo. Mas o que realmente fez Clara rir naquela noite foi quando Luigi, no auge de seu romantismo, se ajoelhou dramaticamente e recitou versos de Petrarca como se estivesse em pleno Renascimento.
Ela o interrompeu no meio do poema, mordendo o lábio para conter o riso.
— Luigi, para! Sério, eu já te achava meio Ken, mas você é um Kenro.
Ele franziu a testa completamente confuso.
— Kenro?
Clara riu enquanto apertava o buquê enorme contra o peito com o carinho que começava a nascer e ela nem mesmo reconhecia.
— Bonito, metido e perfeito