Olívia era uma menina doce, gentil e cheia de sonhos, até que foi vendida pela própria mãe a um traficante humano. Arrancada do universo de fantasia em que vivia levada para um mundo de dor e escuridão, ela se vê obrigada a sobreviver no submundo da noite. Enquanto luta para manter vivo ao menos um fragmento de quem já foi, Olívia descobre que até mesmo os sonhos podem se tornar armas na luta pela sobrevivência da alma. Na parte iluminada daquela história está Nickolas Bianchi, o filho da máfia que jamais conseguiu esquecer a menina que aprendeu a amar. Um ano após testemunhar a namorada ser arrancada dos seus braços, Nick embarca numa busca desesperada por sua Ratinha. Entre luzes sem cor, cheiro de cigarros e os corredores dos bordéis perigosos na Índia, ele procura pela menina com quem tinha trocado alguns beijos e muitas promessas. O amor entre eles é inegável, mas afinal, Nick ama a lembrança de um anjo ou será capaz de amar a Dama da noite que carrega no corpo a coleira que representa os grilhões que prendem seu coração ao dele? Nick terá que enfrentar o inferno para tentar resgatar o amor e a si mesmo.
Leer másLuzes! Há quem diga que as luzes mostram o caminho, no último ano Nick tinha visto muitas, coloridas, brilhantes, desfocadas. A vida noturna esconde beleza e dor, para Nickolas Bianchi nenhuma daquelas luzes o levou para onde queria estar.
O abraço doce e delicado da menina que ele carinhosamente chamava de Ratinha.
Estava mais uma vez em uma casa noturna, olhou em volta e em seguida para o copo de whisky a sua frente.
— Almas perdidas, todas almas sem rumo, assim como eu.
Pensou enquanto retirava o último cigarro do maço, acionou o isqueiro, olhou por alguns instantes para a chama e acendeu a brasa dando um trago forte.
A dor que trazia no peito o dilacerava a cada dia, uma dor com nome de mulher, rosto de menina e a voz mais doce que já tinha ouvido.
Na antiga capital indiana de Deli, há em média cem bordeis de vários andares destinados à diversão masculina. Alguns como a casa 64 eram visitados inclusive por turistas. Nick conhecia cada um deles como a palma da própria mão.
Desde que assistiu impotente a namorada ser arrastada para fora da casa da própria mãe por um indiano, o único nome que ecoava em sua mente era aquele.
— VIKRAM!
O grito de Helena chamando pelo cúmplice a quem tinha vendido a filha de apenas quinze anos ainda estava nítido em sua mente.
Deveria ser apenas um passeio, Nick planejou tudo para que fosse leve e delicado como a namorada. O problema é que os filhos do submundo não podem apenas existir, mas ele cometeu o erro de se esquecer dessa penosa realidade.
O dia em que perdeu Olívia, também foi o começo do seu pior pesadelo. Trezentos e sessenta oito dias depois, ainda sentia doer exatamente como foi enquanto lutava pela consciência depois de ser dopado pela sogra que havia acabado de conhecer.
— Também tem um filme que me faz lembrar de você, Olie.
A menina costumava dizer que Nick se parecia com Thor, o Deus do trovão que foi inspirado na mitologia Nórdica e conquistou os corações dos admiradores da Marvel.
Assistiram A forma da água, um filme diferente que fala sobre uma mulher que se apaixona por uma criatura meio homem, meio peixe.
Um filme e um sorvete, nada além disso, deveria ser apenas um passeio comum e sem consequências, no entanto, foi o começo da dor mais contundente e dilacerante que sentiu.
Passaram horas na praça de alimentação enquanto Olívia compartilhava as suas teorias sobre o filme que tinham acabado de assistir.
— Eles eram iguais, Thor! Ela não se apaixonou por um monstro, enxergou além da aparência e se viu no espelho daquela alma.
Nick associava a própria existência a daquele Monstro, filho de um ex-chefe da máfia, a história dele se misturava à guerra e ao sangue, mas Ollie surgiu e o fez acreditar que poderia haver redenção no inferno.
— Você é especial, sabia?
— Eu?
Olívia deu risada como se estivesse ouvindo uma piada. Ela não se achava especial. Pelo contrário, acreditava ser comum e invisível como um rato. Por isso não se importava com o apelido.
— Acho que amo tudo em você
Nick confessou apesar do pouco tempo em que se conheciam e das circunstâncias em que viviam.
— O que mais me fascina é que você é pura como um anjo.
Enquanto estavam sentados perto da fonte, Olívia aproveitou para contar histórias. Adorava pensar na vida pela ótica da arte, achava que os filmes eram escritos por almas transbordantes e que carregavam mensagens divinas.
— Jane Foster não morreu, ela se tornou eterna, entende? Thor jamais vai esquecer o amor que viveram.
Falou sobre a namorada do herói dos cinemas como se falasse de uma amiga. E ele respondeu com a mesma leveza apesar de não ser um homem comum.
— Eu também nunca vou te esquecer, minha ratinha.
— Você acabou de dizer que ama tudo em mim, senhor Deus do trovão! Acho que posso me considerar a mais nova Jane Foster.
— Ainda vou te fazer Olivia Bianchi.
Olivia ficou paralisada, ele era intenso, tinham saltado de conversas despretensiosas para um quase pedido de casamento, mas estava adorando cada detalhe.
Nick segurou a nuca da menina e se inclinou, os lábios estavam quase se tocando quando ele falou com a voz grossa e sussurrada.
— Eu amo você, ratinha!
Ouvir aquelas palavras fizeram com que Olie fosse tomada por um tipo de emoção desconhecida, o coração parecia querer saltar do peito e dançar com o coração daquele homem que a olhava com aquele brilho tão azul que a hipnotizava.
O sorriso se desfez no beijo e no desejo que nem mesmo sabia existir. O abraço forte e os lábios experientes faziam com que cada movimento parecesse um convite para um universo de descobertas.
Nunca imaginou que as coisas com Nick aconteceriam tão rápido. Na verdade, achava que nunca aconteceria nada. Ele era bonito como um Deus nórdico, guerreiro e perfeito demais para notar alguém tão invisível como ela.
— Sim
Ela respondeu baixinho assim que os lábios se separaram.
— Siiiim? O quê?
Apesar da confusão ele perguntou sorrindo, com aquela menina tudo parecia perfeito e a vida cheia de dores, inseguranças e frustrações, um passado que não lhe pertencia mais.
— Você disse no bilhete que, se eu dissesse sim, queria beijar só a minha boca pelo resto da vida. Então sim!
Dois dias! Foi o tempo que tiveram entre o primeiro beijo e o último. E ainda assim, olhando para aquele copo de Whisky enquanto dava seu último trago no cigarro já consumido pela brasa ardente. Nick ainda se lembrava daquele SIM.
Ela dormiu na cama do rapaz, acompanhada apenas de um bilhete escrito com a caligrafia perfeita e recheado de promessas não cumpridas.
Boa noite, minha ratinha. Vou sonhar com você, amanhã tomamos café juntos e se você disser sim, quero beijar só a sua boca, tipo para o resto da vida. Obrigado por não desistir de mim.
Pensou, tudo, não falou nada.O que mais pedia em silêncio era...Não deixa isso acabar! Se ela pudesse ficar, se a música não terminasse, se o fim não existisse.Quem sabe alguém como ele poderia merecer aquele amor.Ambos estavam perdidos em um espaço onde a realidade se misturava ao que poderia ter sido.Eram juntos o tipo de casal imperfeito que não compõe contos de fadas, ela uma menina cheia de marcas, ele um homem destruído e reconstruído em pedra.Podiam sentir o amor que emanava um do outro, não enxergavam nada além disso, se esqueceram que eram os padrinhos, que Dállia deveria ter ajudado a noiva a trocar o vestido.Mas eles sabiam, por mais que a dança fosse mágica, aquilo não era o suficiente para fazer o tempo parar.E, quando a última nota da música tocou, Dállia se afastou sentindo seu coração apertar.A noite não poderia durar para sempre, e a despedida se aproximava como um caçador implacável que não vê nada além do alvo.Dállia deitou a cabeça no peito dele, assim, s
A menina sentiu o mundo inteiro se resumir aquele homem, talvez a felicidade seja algo que nasce nos pequenos detalhes, porque não se tratava de ser a esposa de um Deus.Era mais do que isso.Olíe descobriu que tudo o que viveram juntos era especial, até mesmo o sabor daquele bolo que Nick deixava na mesa de cabeceira e quase corria para fora do quarto enquanto ela estava grávida do Atlas.— NicholasEla sorriu ao dizer o nome completo, soava estranho, diferente, quase como se fosse outra pessoa.—Você chegou, sem pedir licença, mudou tudo. E eu agradeço todos os dias por isso. Prometo te amar como amo hoje, mas amanhã um pouco mais. Prometo ser sua parceira, sua amiga, prometo te levar ovos todos os dias e te lembrar de que nasceu para ser um Deus, não te deixar sozinho quando ninguém aparecer e te dar espaço quando precisar disso, mas principalmente, prometo ser sua ratinha para sempre.Arjun já estava com as alianças para cima desde o começo dos votos, segurava com as duas mãozinha
Quando finalmente a hora chegou, Nick estava ao lado do pai, ambos pareciam a configuração de dois Deuses nórdicos, e isso, ninguém podia duvidar.O porte de ambos exalava poder, mesmo Ivan sendo um senhor, ainda era meticulosamente bonito, atraente em cada detalhe, como se fosse uma escultura perfeita.Nick estava com os cabelos penteados para trás, o terno preto desenhado sob medida o deixava ainda mais imponente, apesar disso, os olhos claros transmitiam um tipo de ansiedade que ele ainda não havia experimentado.— Ela vai vir, Nick.O rapaz sorriu.— Eu sei! A minha Ratinha viria para mim mesmo que fosse só um chalé. Eu sei pai, só quero que ela goste.— Da festa ou de estar casada com você?— Dos dois.Nick estava se referindo a festa, mas também queria um casamento diferente, um lar de verdade, onde as brigas durassem no máximo alguns minutos e a reconciliação fosse eterna. Não queria que Olíe chorasse de triste nunca mais, essa seria a sua missão, para sempre.E o Para Sempre t
O dia chegou e saíram todas em uma espécie de ônibus.No volante o marido de Lara, a médica foi em pé ao lado dele, Olíe achava bonito como Muralha parecia só enxergar a esposa e nada além disso.Quando finalmente chegaram, Sara estava ansiosa, andava de um lado para o outro dando ordens aos maquiadores, aos costureiros, estilistas, massagistas e cabeleireiros.— Os vestidos das madrinhas ficam aqui, o da noiva separado e o meu? Onde está o meu vestido?Uma confusão deliciosa da qual todo mundo participou de alguma forma, com exceção de Júlia que tudo o que pretendia fazer era uma escova no cabelo e florezinhas nas unhas dos pés.Dállia estava sentada na cadeira, os maquiadores trabalhavam ao mesmo tempo, era estranho, diferente, os olhos lacrimejavam, ela piscava sem parar e eles tentavam arrumar o estrago que a menina fazia.O cheiro de produtos, o som das escovas, os pincéis em movimento, tudo parecia uma cena dessas que só se vê em programas de televisão, uma bagunça tão grande de
E de certa forma, Tank não estava totalmente errado, Dállia realmente o estava enganando, mas não da maneira como as pessoas estavam comentando.A ideia foi dela, não se importava, todos ali já tinham uma ideia formada de que ela e um depósito de esperma barato tinham o mesmo valor. Por que não aproveitar isso?Amara queria ver o amigo e sabia que Tank jamais permitiria que ela se envolvesse com um homem da máfia. Ele não a queria naquele mundo.— Gosto do jeito que ele fala, do jeito inteligente e perdido ao mesmo tempo. Ele explica tudo, mas eu não entendo nada, ainda assim é uma delícia ouvir ele falar.— Posso ser a namorada dele, entro na casa dele todos os dias, na frente de todo mundo, você entra escondido, depois. Posso ficar com a Júlia enquanto conversam, acho que ela gosta de mim.— Faria isso?— Pode começar a espalhar o boato, todo mundo vai acreditar.Amara ficou tão feliz que só pensou que aquilo destruiria o irmão depois que já não tinham mais como desistir. A fofoca s
Tank e Luz passaram a ser amigos, ele não conseguiu tratá-la como as outras, algo naquela menina o fazia lembrar de Dállia e isso o feria e o acolhia na mesma proporção.Os dias passaram dessa forma, durante o dia ele ficava com Luz, passeavam e ela começou a dar aulas de inglês ao rapaz, sempre meio escondido, mas ele tinha começado a gostar de aprender.— Sabe escrever aquelas coisas bonitas que mulher gosta?Luz deu risada, poderia participar do clube, tinha cumprido o desafio imposto pelas outras meninas, mas já não se interessava, gostava de passar o tempo na casa de Tank e isso fez com que ganhasse algumas inimigas, teoricamente ela tinha sido a única a voltar depois de ter caído nas garras do estrategista.A noite ele se encontrava com Nick e Dylan, o chefe do treinamento aplicava testes infinitos de raciocínio lógico, sobrevivência, pensamentos estratégicos e charadas. Era nesse ambiente que Tank era esculpido para se tornar o futuro estrategista da máfia.Em uma dessas noites
Último capítulo