Às vezes, a mente da gente fica presa numa única imagem, como se o mundo pudesse ser reduzido àquele momento congelado. Desde o que aconteceu no café, desde que vi Amanda com Carlos e ouvi ela me acusar com os olhos marejados e o coração confuso, era como se aquela imagem tivesse colado na minha pele.
Ela estava presa. E eu... eu precisava ajudar.
Passei a noite em claro, andando pela casa, revendo cada palavra dita, cada expressão no rosto dela. Tentei entender como alguém podia se deixar enganar tão profundamente. E por fim, entendi: era a mesma Amanda de sempre. Doce, sonhadora, carente de aceitação. O tipo de garota que sempre buscou um conto de fadas, e que agora estava presa no mais cruel dos enredos.
No início da manhã, sentei na varanda com uma caneca de café nas mãos. O céu ainda estava coberto de um cinza delicado, típico das manhãs frias de primavera. As plantas ao meu redor exalavam aquele cheiro fresco de orvalho e terra molhada. O silêncio da cidade ainda era gentil, mas