Eu não entendi de imediato. Ver Carlos e Amanda entrando no café foi como um soco invisível bem no meio do estômago. Por um instante, eu pisquei rápido, tentando confirmar se meus olhos estavam me enganando. Mas não. Era ele. E ela. De mãos dadas, com a naturalidade de quem não devia nada a ninguém. Como se nada tivesse acontecido. Como se toda a verdade que expusemos tivesse simplesmente desaparecido.
Carlos estava com aquele ar polido, o charme ensaiado, o andar seguro demais. Amanda, ao lado, tinha um olhar distante, os ombros encolhidos, como se carregasse um peso que nem ela entendia. E ainda assim, ela o seguia. Como se ele fosse o único caminho.
Eu olhei para Aston. Ele também estava em choque, mas havia uma raiva contida por trás de seu maxilar travado.
— Isso é real? — murmurei, sentindo minha garganta apertar.
— Eles têm coragem de andar assim, em plena luz do dia...
Carlos deixou Amanda numa mesa perto da janela, dizendo algo no ouvido dela que a fez sorrir pequeno. Depois,