— Vá para casa cuidar do seu filho. Deixe que eu fico aqui com sua avó. Você precisa descansar, dormir um pouco. Amanhã você traz o Saulinho para vê-la. Não faz diferença esperar uma noite. — Disse tia Julia, com um tom gentil, mas firme.
Eu estava prestes a responder quando o celular vibrou no meu bolso. Peguei para ver quem era. Bela. Meu primeiro pensamento foi que Saulinho havia acordado e que elas não estavam conseguindo lidar com ele.
— Bela, já estou voltando para casa. — Disse rapidamente assim que atendi.
Do outro lado, houve uma pausa. Bela parecia hesitante, até gaguejante.
— Kiara, eu... hã, então...
A maneira como ela falava me deixou imediatamente em alerta. Um frio percorreu minha espinha.
— Bela, o que houve? — Perguntei, a voz começando a tremer.
Antes que ela pudesse responder, ouvi um barulho do outro lado, como se o celular tivesse mudado de mãos. E, então, uma voz que eu não ouvia há tanto tempo, mas que nunca deixara de ecoar nos meus sonhos, soou do outro lado da