Davi, por outro lado, não teve a mesma sorte. A tesoura de corte, afiada como um punhal, caiu verticalmente e perfurou sua perna, deixando um buraco profundo.
Vi o sangue escorrer pelos dedos que ele pressionava contra o ferimento, manchando sua calça na altura do joelho. Meu coração ainda batia acelerado por causa do susto, mas, no fundo, não consegui conter o pensamento:
"Bem feito. Quem procura, acha."
Aquele incidente inesperado nos deixou paralisados por alguns segundos.
O silêncio foi interrompido pela voz de Jean, que vinha do celular caído em algum lugar no chão. Ele parecia preocupado e chamava por mim com urgência.
Voltei a mim e comecei a procurar o aparelho. Encontrei-o embaixo da mesa de trabalho, mas Davi também percebeu e tentou avançar para pegá-lo. Dessa vez fui mais rápida, agarrei o celular primeiro e me afastei dele, mantendo uma distância segura.
— Alô, Sr. Jean...
— Kiara, o que está acontecendo aí? Você está bem?
A voz de Jean, sempre tão calma, soava atípica, ca