TENTAÇÃO PROIBIDA: A Princesa Mafiosa é Minha
TENTAÇÃO PROIBIDA: A Princesa Mafiosa é Minha
Por: Maerley Oliveira
Capítulo 1 — O limite do proibido

POV Sophia Sinclair

“O problema nunca foi o caos… foi saber que ele tinha nome. E sobrenome.”

O despertador tocou como se tivesse sido programado pelo próprio demônio. Alto, insistente, cortando meu cérebro em fatias. Estiquei o braço, bati nele com raiva. O silêncio voltou, mas dentro de mim o caos só começava.

Do outro lado da janela, Manhattan respirava com superioridade. Aquela cidade sempre teve o dom de te lembrar que você é só mais uma alma tentando não afundar. E eu? Afundei de salto agulha.

Minha vida era uma obra-prima de controle. Agenda organizada por cor. Café gelado da mesma cafeteria idiota. Estágio de prestígio, brunchs ridículos, notas impecáveis.

Tudo... até meu pai decidir que ia viajar e largar minha alma nas mãos do inferno.

“Vou para Zurique. Dois meses. Você fica com Matthias.”

Só isso. 

Matthias Kane.

Melhor amigo do meu pai, lenda viva de frieza. O tipo de homem que não fala, sentencia. Que cancela festas infantis porque o buffet não tem saída de emergência e que impede viagens escolares porque ninguém sabe combate corpo a corpo.

Aos doze, ele me deu uma festa temática de segurança tática. Aos quinze, me presenteou com um livro sobre sobrevivência urbana. Agora, aos vinte e um, ele era meu tutor temporário. Maravilhoso, não é?

Levantei da cama com o corpo cansado, como se eu tivesse enfrentado uma guerra durante a noite.

No espelho: olheiras nível apocalipse, cabelo parecendo ninho de corvo, pele pálida. Suspirei.

— Perfeita… — murmurei com ironia, esticando a boca num sorriso sem graça.

Tomei um banho gelado, pra ver se congelava o ódio. Vesti preto, justo, provocante, elegante. Decote discreto, costas nuas. Jaqueta de couro por cima. Batom vermelho. Coque alto. Salto agulha. Uniforme de combate.

O celular vibrou: “19h. Pontualidade é o mínimo. Traga seu passaporte.” — Matthias Kane.

Passaporte? Eu ri. Sozinha. Alto. Ele só podia estar brincando. Ou delirando em algum surto autoritário.

Joguei o celular na cama.

— Eu não sou um pacote de entrega, Matthias.

Decidi: eu não iria. Não dessa vez. Eu sou uma Sinclair. Não sou propriedade alugada.

***

O campus de Columbia estava pulsante. Estudantes correndo, cafés na mão, celulares no modo julgamento. Meus saltos batiam como um metralhadora no chão de pedra. Izzy me viu primeiro. Blazer lilás, batom roxo, fone de ouvido e olhar afiado.

— Finalmente a princesa voltou — disse, tirando os óculos. — Achei que tinha sido sequestrada. Se tivesse sido, quem ia pagar o resgate? Teu pai não responde nem e-mail.

— Se sequestrassem, era capaz de ele mandar um depósito com a legenda "boa sorte", murmurei, jogando a bolsa Tiffany no banco ao lado.

— Você está com uma cara péssima — Noah comentou, empurrando um copo de café pra mim. — Mais branca que planilha de Excel em janeiro.

— Não dormi — dei de ombros. Era verdade. Mas só a metade.

Izzy me analisou como se eu fosse um caso clínico...

— Briga com Daddy Sinclair ou crise existencial?

— Mistura dos dois. Com gelo e um pouco de sarcasmo.

— Você está diferente — Noah insistiu.

— E você está de camisa florida no outono. Todo mundo tem seus momentos de desespero.

Eles riram. Eu fingi que também.

As aulas passaram como se meu cérebro tivesse entrado no modo automático. Professores falando, alunos anotando, e minha mente a quilômetros dali. Matthias. O nome dele era um peso que se arrastava pelos meus pensamentos. No fim do dia, Izzy apareceu na saída da biblioteca com um sorriso malicioso.

— Hoje a gente vai te afogar em vodka e fazer você esquecer esse ar de funeral de luxo.

— Concordo — disse Noah, já mexendo no celular. — Reservando mesa no clube novo do Soho.

— Eu deveria ir para casa — comecei a dizer.

Mas então lembrei da mensagem.

"Traga seu passaporte."

— Quer saber? Hoje eu sou só caos, bebê.

***

O clube era escuro, vibrante e indecente. A batida da música atravessava minha espinha como um raio.

Eu dançava. Ria. Bebia. Sentia.

A cada gole, a voz do Matthias ficava mais longe. A cada passo, o medo sumia. Até que...

“Pontualidade, Sophia. Não me faça ir te buscar.” — Última mensagem dele.

Ignorei. Foi aí que apareceu Theo. Terno caro, hálito de álcool, ego inflado. O erro Turco do verão passado. Bonito demais, rico demais, idiota o suficiente para achar que uma noite com ele significava promessa eterna. Eu sumi. Sem tchau, sem bilhete. E nunca mais respondi uma mensagem.

Esperava nunca mais ver aquele rosto bronzeado e aquele sorriso cafajeste. Mas claro… Manhattan adora ressuscitar fantasmas nos piores momentos.

— Sophia… — ele sorriu, a voz arrastada. — Finalmente. Você sumiu. E agora está aqui, toda soltinha… E minha. 

— Eu não sou sua. Nunca fui — disse, tentando me afastar.

Ele não soltou. Pelo contrário. Apertou mais. Tentou me beijar.

Pânico.

— Solta. Agora.

Ele riu. Desprezível.

— Não finge. Você sempre gostou de provocar.

A raiva subiu. Eu ia gritar. Ia socar. Mas não precisei. Uma mão forte caiu no ombro dele e o puxou com tanta força que Theo quase voou. Um homem enorme. Segurança do clube, talvez. Ou… algo mais.

— Problema aqui?

Theo arregalou os olhos.

— Não, não... a gente só estava...

— Dá o fora.

E ele foi. Rápido. Covarde. Fiquei ali. Tremendo. Peguei um drink, virei de uma vez. Izzy e Noah vieram correndo.

— O que houve? — Izzy segurou meu rosto.

— Só um erro me lembrando por que foi deletado da minha vida — respondi, tentando rir.

— Quer ir embora? — Noah perguntou.

Olhei para pista de dança, respirei fundo.

— Não. Ninguém vai me controlar hoje.

Dancei até os pés gritarem. Bebi até esquecer. Quando saí, eram quase 3 da manhã. Peguei um carro sozinha. Manhattan piscava lá fora. Linda. Letal.

A música vibrava direto no estômago. Eu dançava. Ria. Bebia. Sentia o mundo sumir, gole por gole.

Foi quando ele apareceu. Um desconhecido, mas bonito. Isso já é o suficiente. Os olhos eram muito parecidos com os de Matthias, claro, se é que Matthias soubesse sorrir. Alto. Barba bem-feita. Sorriso de vilão Italiano. Terno escuro, olhos de quem já te despiu sem encostar. Ele se aproximou com a confiança de quem nunca ouve “não”.

— Você dança como quem quer esquecer alguma coisa.

— Eu bebo pra isso. Dançar é só bônus.

Ele riu, estendeu a mão.

— Posso te acompanhar?

— Só se souber dançar sem parecer gerente de banco.

Ele sabia.

Trinta minutos depois, o clima estava quente demais pro salão. Ele se inclinou no meu ouvido.

— Me deixa te levar pra outro lugar?

— Tipo sua casa?

Ele ergueu uma sobrancelha.

— Ou o meu esconderijo secreto de vinho italiano.

— Tanto faz, contanto que tenha álcool.

Saímos. Rindo. O ar da madrugada bateu no rosto como um alerta ignorado. O carro dele estava parado na esquina. Luxuoso. Escuro.

Paramos em frente a um prédio.

— Você confia em desconhecidos? — ele perguntou, abrindo a porta pra mim.

— Hoje? Nem em mim mesma. — sorri.

Foi aí que tudo quebrou.

Dois homens surgiram das sombras. Ternos. Ombros largos. Olhares de gelo.

— Sophia Sinclair.

Eu congelei.

— O que…? Quem são vocês?

Antes que eu reagisse, um deles deu um soco no meu acompanhante. Seco. Rápido. O homem desabou no chão com um gemido.

— QUE PORRA É ESSA?! — gritei, tentando recuar.

Outro me segurou.

— Você teve sua noite. Agora chega.

Pano preto. Cheiro forte. Clorofórmio. Tentei lutar, mas tudo apagou.

— Temos a garota — disse uma voz fria.

Senti o banco de couro. O carro arrancando. A cidade ficando pra trás. Meu coração batia como se quisesse explodir. Pela primeira vez, pensei nele. Matthias. E desejei, do fundo da alma, que ele estivesse vindo.

Mas eu sabia. Eu provoquei. Eu desafiei. Eu ignorei. Agora… eu ia pagar.

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