Dantas é mestre na arte do disfarce, ele aproveita suas habilidades para viver a vida como quer e praticar golpes milionários. As coisas acabam mudando quando ele conhece Sammy, em uma situação onde ambos cruzam o caminho um do outro. Sammy é filha de um agente do FBI que morreu em missão, inconformada ela procura paz tentando resolver o último caso em que o pai trabalhou e faleceu antes de concluir, o caso do falsificador farsante Dantas William Collin.
Leer másEncaro meu reflexo no espelho, prestando atenção aos mínimos detalhes. Faço questão de enaltecer cada um deles, mas sem parecer madura demais.
Dou uma sacudida nos cabelos ondulados graças ao babyliss bem caprichado, do outro lado do quarto Eric me observa com seu olhar de admiração deitado sobre o colchão. — Está bonita. — Ele elogia voltando a fitar o teto com o corpo estremecido e cheio de agonia. — Esse é o propósito. — Meu tom de voz saiu meio irônico. — Ei. — Chamei sua atenção fazendo com que ele olhasse para mim outra vez. — Está tudo bem, pare de ser ciumento. Eric me encara com o rosto tenso aparentemente sentindo incômodo, mas se contendo ao máximo. Ele pega uma bola de beisebol dentro do criado mudo ao lado da cama e arremessa no teto a pegando de volta quando cai, acredito que foi o jeito dele de controlar a própria raiva. — Para você está tudo bem, não é você que está vendo a sua namorada se arrumar toda para encontrar um médico. — Fez um drama, levantou da cama e caminhou até o banheiro se trancando lá. Já estou cansada disso. Por que todos os homens precisam ser assim? Por que ele tem que agir como se eu fosse propriedade dele? Levantei da cadeira em frente à penteadeira e caminhei até o guarda-roupa, peguei todas as minhas roupas dos cabides e joguei em cima da cama. Peguei minha mala dentro de uma das portas, e a joguei aberta em cima da cama. Dobrei minhas roupas de qualquer jeito e joguei dentro das malas, eram poucas, não tinha problema jogar de qualquer forma já que eram tão poucas que não ocuparia tanto espaço assim dentro da mala. Ouço a porta do banheiro ser aberta atrás de mim e os passos pesados de Eric se aproximarem de onde estou. Meu corpo é arremessado contra a parede e o corpo dele prensa o meu me obrigando a encará-lo. — O que está fazendo!? — Esbraveja me olhando com os olhos quase saltando para fora. — Estou indo embora para a minha casa nova, não posso? Qual a merda do teu problema? Eu ia ter que ir de um jeito ou de outro. — Bati em seu peito o fazendo caminhar para trás. — Estou cansada de você e de toda essa merda. De você se metendo em tudo sobre a minha vida e agora até mesmo no meu trabalho. Caminho de volta até à cama terminando de fechar a mala e saindo para fora do quarto. Desci as escadas enquanto ouvia Eric caminhando rapidamente atrás de mim, me chamava e tentava desesperadamente me acompanhar. — O que isso quer dizer, amor? — Ele questionou. — Me esquece! — Foi a última coisa que falei antes de bater a porta, caminhar até o carro, colocar a mala no porta-malas e ir embora. Eric me irritava constantemente, já estava cansada disso, parecia ser do nada eu ir embora assim, mas não era. Na verdade foi como acumular um milhão de coisas e situações que te irritam até chegar uma hora que você não consegue suportar mais e acaba explodindo. Não sei se queria vê-lo novamente, mas eu pensaria nisso depois, agora era a hora de focar no meu trabalho e em mim mesma. A partir de agora eu não era mais eu mesma, estou indo em uma missão e a partir desse momento, eu me chamo Sammy Jenkins. Dirigi até à minha casa, vi no relógio que ainda tinha umas horas até a minha consulta. Arrumei as minhas coisas, dei uma organizada na minha casa que estava uma zona já que eu havia acabado de me mudar, esperei até a hora marcada e saí novamente, só que dessa vez em direção ao hospital. Ao chegar lá, me deparei com uma fila de cadeiras, a tal fila de espera. Não haviam uma multidão de pessoas mas também não haviam poucas, então fui até à recepção. — Bom dia, em que posso ajudar? — A recepcionista questionou com aquele tom de voz simpático que bem sabemos como é, a típica “enfermagem por amor”. — Bom dia, quero uma consulta com o médico. — Pedi apoiada em uma perna e os braços sobre o balcão. — Tem a enfermeira também. — Sugeriu com o tom de voz neutro, era antipática mas ao mesmo tempo simpática. — Quero uma consulta com o médico. — Repeti forçando um sorriso amigável que dizia “está surda? Não está ouvindo o que estou falando?”. — Eu estava apenas sugerindo, moça. É que a enfermeira já está atendendo e o médico não chegou ainda. — Seu olhar se direcionou para trás de mim e então sorriu simpática para alguém. — Ah, ele chegou. Olha ele aí. Olho por cima do ombro e me assusto ao ver o médico atrás de mim em pé, duro feito uma estátua com as mãos enfiadas dentro dos bolsos. Meu corpo vira para trás assustado ficando de frente para ele em um estremecimento pelo susto, deixo as mãos apoiadas no balcão enquanto o encaro. Ele me olha sorrindo com os olhos, meu corpo aquece e consigo notar pelo seu olhar que vai dos meus pés até os meus olhos que ele é um tremendo mulherengo. O encaro engolindo em seco. — Bom dia, Doutor Gunnar. — A recepcionista cumprimenta. — Bom dia, senhorita Villar. — Ele respondeu enquanto ainda me olhava. — Bom dia, senhorita… Ele me cumprimenta também fazendo referência por não saber meu sobrenome me fazendo ter um choque de realidade e acordar dos pensamentos. — Ah, Jenkins. Senhorita Jenkins. Bom dia, Doutor. — Respondo. — Me dê seus documentos, garota. — A recepcionista pediu me fazendo voltar minha atenção para ela. Abro minha bolsa e entrego minha documentação para que ela faça o trabalho dela. Mas ainda de costas para aquele homem ainda conseguia até mesmo ouvir sua respiração, ele tinha algo chamativo, algo que sugava a atenção ao seu redor e não era só por causa do cabelo loiro e os olhos azuis. Ele tinha algo, algo que intrigava. — Eliza, esqueci a chave do meu consultório ontem. Você encontrou? — Ele se aproximou e apoiou os braços no balcão, nossos braços roçaram um no outro pareceu até ter sido de propósito e senti um arrepio agonizante. — Está aqui, Senhor Ethan. Vou pegar, calma. — Ela levantou da cadeira giratória e caminhou até uma das gavetas, abriu uma delas e tirou algo de dentro dela. Nesse meio tempo senti o olhar do médico pousar sobre mim, o olhei de relance algumas vezes e desviei rápido por não conseguir encará-lo. — Aqui está, Doutor. — A recepcionista estendeu um chaveiro com algumas chaves entre os dedos e ele o pegou. — Obrigado. — Ele agradeceu e antes de sair me olhou uma última vez. Olho para a mulher em minha frente e ela está concentrada no computador, digita algumas teclas, sequer percebeu, opto por pensar que foi coisa da minha cabeça e então ela estende meus documentos de volta. Os pego e guardo dentro da bolsa. — Pronto, agora é só aguardar. Tenha um bom dia. — Disse ainda mexendo no computador. — Obrigada. — Respondi e então caminhei até a fila de cadeiras, sento ao lado de uma senhora idosa e aguardo a minha vez de ser atendida.Agora aos tempos atuais, espiei pela janela para ver se o Ethan já havia ido embora e então entrei para dentro novamente.A Jenifer nunca me mandava mensagens importantes como a que mandou, então se mandou agora então quer dizer que eu tenho que correr. Me resolvo com o Dantas depois.Disco o número dela no celular e então espero por alguns instantes até que ela finalmente atenda.— Jenkins? — Ela falou meu sobrenome falso assim que atendeu.— Hernandez. — Ah, ele não está perto. Então posso falar. — Ela suspirou aliviada.Esse é nosso jeito de conversar pelo celular quando é algo muito sigiloso, ela fala meu sobrenome falso, se eu responder algo como “sim” quer dizer que ela não pode falar porque o Ethan está por perto, se eu responder meu sobrenome verdadeiro quer dizer que ela pode falar porque ele não está por perto.A Jenifer é uma amiga, mas está mais para uma colega. Não quero ampliar muito amizades, isso só iria me causar sofrimento. Contei a ela sobre tudo, assim ela me ajud
PHANTOM - Patrulha armada de negociações terroristas e operações militaresÉ meio que um nome irônico, digamos que seja um apelido. Sabe naqueles assaltos a mão armada em que os assaltantes usam máscaras com temas de desenhos infantis? É tipo isso.Para resumir, vamos chamar o PHANTOM de PM, que significa patrulha militar. No fundo da minha mente eu sou apenas uma garota que procura paz para dormir a noite, que anseia por descansar sem sentir que há uma dívida pendente para quitar.Quando eu saí do FBI, eu saí sem rumo. A gente não faz as coisas de uma hora para outra sem pensar, o nosso cérebro planeja tudo sozinho, automaticamente. Igual quando você diz que não vai criar expectativa, mas não para de pensar no assunto por um instante, e sim, está criando expectativa.Então eu cheguei na hora da prática, e sabe qual foi o plot twist? Eu não consegui nada. É, eu mal sabia o que fazer.Eu planejei aleatoriamente pegar o falsificador sozinha, por conta própria. Mas havia um porém, o FBI
Meu pai morreu baleado no meio de uma missão na qual ele estava buscando pelo falsificador Dantas William Collin, meu pai foi atingido por uma bala perdida, o Karl falou que nunca souberam de onde essa bala veio. Eu tinha acabado de entrar na puberdade e já estava órfã de pai e de mãe. Então a minha vida se resumiu a isso, no foco de pegar Dantas William Collin a qualquer custo. Entrei para o treinamento do FBI, e o Karl estava à frente do caso do Dantas, então eu estava tranquila.Mas o tempo foi passando, e passando e passando. Nada. O Karl não conseguia nada, e ainda aconteceu aquela humilhação quando finalmente ele ficou frente a frente com o Dantas. Os dias iam se passando e a minha paciência estava se esgotando, parecia que ninguém nunca ia pegar ele.— Sem chances. — A inspetora não me dava a mínima, apenas se virou e continuou pondo mais café no copinho descartável enquanto eu estava ali do lado dela como uma cachorra sem importância.— Eu já estou preparada o bastante, inspe
Não importa o quanto você se prepara para um momento, quando ele chega você ainda não vai ser estar preparado o suficiente.Aos 16 anos quando fugi daquela cozinha com medo de escrever “Paula” ou “Dantas”, peguei um ônibus e fugi para longe. Pouco tempo depois eu fui pegando a prática, nenhuma operadora de caixa se recusava a sacar meus cheques, e então já conseguia me virar sozinho sem meus pais.Errado? Sim. Mas eu estava com tanta raiva, da minha mãe, do governo por ter dispensado meu pai como se ele não fosse nada, do Jake Barnes, de mim mesmo. A raiva me fazia ver todos os crimes como algo justo, se alguém dissesse para o Dantas de 16 anos que com 30 ele veria isso com outros olhos, ele jamais acreditaria, porque ele com toda sinceridade nunca achou que fosse se arrepender.Sentado na mesa do restaurante todas as estrelas, eu ficava em silêncio e só amassava o guardanapo nas mãos sentindo a maciez do tecido. Acho que cheguei a um ponto que nem sequer sei mais o que eu sinto, não
E quando se está quase perdendo as esperanças, algo extremamente inesperado acontece.Nunca imaginei que fosse assim em um momento qualquer, ainda mais quando eu sequer estava esperando. Achei que eu ia ter que apelar, que ia precisar fazer algo mais eficaz e quando menos percebi, o voto de confiança veio.Agora eu poderia pressionar, eu tinha algo. Poderia conseguir finalizar o caso, sem feridos, sem violência, sem armas e de uma maneira fácil.Só precisava de provas contra ele, e nada melhor do que uma confissão gravada dele.Mas a minha preocupação do momento não era isso, mas sim o que aconteceu ontem? Ele é um sociopata, Sammy. Deve ter algum diagnóstico, deve ser louco, talvez tenha pesadelos, talvez seja esquizofrênico, você não tem nada haver com isso. Mas um homem de quase dois metros de altura acordar no meio da noite gritando por “Paula ou Dantas” com lágrimas saltando dos olhos foi um pouco impactante para mim. O FBI nunca me adicionou no caso dele, nunca me deram infor
Eu arrisco dizer, que de alguma forma nós já sabíamos que fomos feitos um para o outro. Mas as vezes, em maioria dos casos ou não, só conexão entre dois corpos não é o suficiente. Digo isso porque, vivi por anos na minha fantasia, e ainda assim, hoje em dia ainda finjo que foi tudo real, que só acabou porque precisavam amadurecer, igual aqueles personagens de filme de romance clichê.A primeira decepção amorosa vem com a separação dos pais, e para um homem, ainda é três vezes pior quando a separação é causada pela falta de amor dos dois e uma traição da mãe.Como que tudo chegou ao fim? Foi um dia em que eu voltei para casa da escola, abri a porta de casa e entrei. Talvez ainda houvesse em mim alguma esperança de que as coisas tivessem voltado a serem boas como antes, que quando eu entrasse por aquela porta meus pais estivessem dançando sobre o vinho derramado no tapete novamente. Mas quando abri só ouvi o silêncio.— Mãe, já cheguei! — Gritei enquanto caminhava para dentro de casa.
Último capítulo