O quarto ficou em silêncio após a saída de Sofia. Isadora encostou a porta devagar e apoiou a testa contra a madeira. Inspirou fundo. O cheiro do perfume da amiga ainda pairava no ar — uma lembrança doce de tempos mais simples.
Mas o passado não era mais um lugar confortável.
Ela caminhou até a varanda do hotel, observando os carros deslizarem pelas avenidas. Havia algo no horizonte cinza de São Paulo que a sufocava e, ao mesmo tempo, fazia seu coração bater mais forte. Estava em casa, mas não pertencia mais ali por completo.
Sentou-se em uma das poltronas e puxou o celular. Abriu a galeria de fotos e, com um toque rápido, parou numa imagem: Gabriel com os olhos fechados, adormecido em seu colo, os cachos dourados espalhados como um halo. O peito de Isadora se apertou.
“Você é meu segredo mais bonito, meu amor. Meu maior motivo e meu maior medo.”
Ela passou o dedo sobre a imagem como se pudesse tocá-lo de verdade. Estava contando os dias para voltar. Nenhum sucesso profissional apagav