O silêncio do apartamento contrastava com o turbilhão dentro dela. Isadora jogou a bolsa no sofá e encostou a porta com um suspiro que mais parecia um desabafo. O final de semana havia chegado ao fim, e com ele, a sensação mágica de estar fora do mundo — aquele mundo de regras, de cobranças, de olhares sérios e reuniões formais. Durante dois dias, ela se permitiu esquecer que Lorenzo Alcântara era seu chefe... e ele se permitiu esquecê-lo também.
Ela andou pela casa como quem flutua entre memórias e dúvidas. Os cabelos ainda carregavam o cheiro do shampoo que ele mesmo escolhera quando os lavou com uma ternura que ela jamais esperava conhecer na vida. As mãos dele, fortes e decididas, pareciam ainda passear pela sua pele como se sua lembrança tivesse deixado rastros reais. E os beijos... ah, os beijos. Quentes, intensos, quase desesperados. Eles se procuraram como se o mundo acabasse naquela noite de sábado.
Ela fechou os olhos e, como num filme antigo, a imagem da cozinha dele voltou