Capítulo 73 – Quando o Mundo Parou.
Isadora se levantou com o corpo inteiro tremendo, as palavras ainda queimando em seus lábios, o coração feito estilhaços. Não esperou resposta. Nem desculpas. Nem explicações.
Atravessou o salão do restaurante com passos rápidos, quase tropeçando. Os olhares curiosos a seguiam, mas ela não ligava. Cada passo parecia arrancar um pedaço da dor que a sufocava.
Do lado de fora, a noite estava úmida. Uma garoa fina caía, grudando no rosto e nos cabelos, como lágrimas geladas que não pediam permissão para cair. As luzes dos postes criavam reflexos borrados no asfalto molhado, e o mundo parecia indiferente ao turbilhão que a consumia.
Isadora caminhava sem rumo, o salto ecoando nas calçadas vazias. Tudo ao redor era um borrão. Seu peito ardia, e a respiração vinha entrecortada, como se o ar tivesse se tornado mais pesado. Ela só queria distância.
Ao chegar na esquina, os olhos marejados a impediam de enxergar direito. Não olhou para os lados. Não percebeu o farol. Apenas atravessou.
Um grito.