Sebastião, no fim, percebeu que havia algo errado com Miguel.
Tomei um gole da água e disse:
— Isso você deveria perguntar para ele. E... No momento, não tenho cabeça para ninguém.
Ele manteve uma expressão indiferente.
— Você não precisa me lembrar disso o tempo todo.
— Só estou dizendo a verdade. — Mal terminei de falar e comecei a tossir. Sebastião se aproximou e deu leves tapas nas minhas costas.
— O George não sabe que você se machucou? — A pergunta dele foi direta, como uma faca perfurando minha tranquilidade.
Segurei o copo com força. A água morna ajudava a afastar o frio do meu corpo, mas não conseguia aquecer o vazio gelado dentro de mim.
— Ele veio... E foi embora.
Sebastião não respondeu nada, mas também não precisou. Estendi o copo para ele e murmurei:
— Estou cansada. Quero dormir um pouco.
Deitei, e ele permaneceu ali, em silêncio, sentado ao meu lado. A febre fazia minhas pálpebras pesarem, e, enquanto eu era tomada pelo sono, ouvi a voz dele, baixa e carregada de algo q