RUBY RADCLIFFE
Adentrei o closet e encarei as portas automáticas deslizando, revelando um universo que me deixou com o queixo suspenso. Cabides alinhados com vestidos de seda, crepe fluido, chiffon estruturado; tailleurs de alfaiataria italiana que eu reconhecia muito bem, campanhas prontas para capa de revista. Sapatos de sola vermelha, mocassins e sandálias de salto desenhados em Paris. Bolsas de couro exótico, joias com diamantes e pérolas cultivadas que pareciam ter sido feitas para repousar sobre o meu colo.
Tudo tão caro que até o reflexo parecia luxuoso, mas ainda assim, incrivelmente prático: cada peça era do meu tamanho, moldada para minhas medidas, e eu não sabia o quanto me sentia confortável e desconfortável com tamanho luxo.
Caminhei por entre os nichos com a ponta dos dedos roçando as texturas como quem percorre um relicário, ou o guarda-roupa de uma rainha morta. Era belo, era perfeito, mas também, por algum motivo que eu não queria nomear, um pouco assustador.
Não era