A luz do fim da manhã entrava tímida pelas frestas das cortinas, desenhando linhas douradas sobre os lençóis amassados. Alicia despertou devagar, com a cabeça ainda leve e o corpo fragilmente cansado, mas, pela primeira vez em dias, havia serenidade em sua respiração. O aroma do chá de gengibre que Victor havia deixado na mesinha de cabeceira ainda pairava no ar, já frio, quase afetuoso.
Victor já havia saído. Deixara um bilhete sobre a escrivaninha do quarto, escrito à mão, com a caligrafia firme e levemente inclinada:
“Preciso voltar para casa e resolver algumas questões urgentes. Mas quero vê-la amanhã no escritório. Temos muito o que conversar. — V.”
Ela sorriu sozinha, o coração aquecido. O homem que atravessava seus pensamentos com a mesma frequência de seus batimentos cardíacos estava, enfim, mostrando que se importava mais do que qualquer palavra poderia dizer.
Levantou-se devagar e caminhou até o banheiro. Tirou a camisola fina e entrou no box. A água quente caiu sobre seus o