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Capítulo 7 - Sob olhares e silêncio

O restaurante escolhido para o jantar exalava sofisticação. Lustres de cristal espalhavam luz quente pelas mesas bem-postas, e o som suave de um piano ao fundo completava a atmosfera intimista. Lívia chegou alguns minutos depois de Arthur. Ao entrar, notou que ele estava de pé, junto a uma mesa reservada, cumprimentando alguns homens de terno e duas mulheres elegantemente vestidas. No canto, sentado, Marcelo levantou o olhar ao vê-la, um sorriso confiante surgindo no rosto.

— Boa noite, Lívia. — Arthur a recebeu com aquele olhar que sempre parecia atravessá-la, como se pudesse ler todos os seus pensamentos.

Ela respondeu com um leve aceno e se aproximou, sentindo de imediato os olhos de Marcelo pousarem nela de maneira nada sutil.

— Você está deslumbrante — disse ele, levantando-se para beijar sua mão. — Essa cor realça seus olhos.

Arthur apenas observou, mas seu maxilar levemente contraído denunciava a irritação contida.

Marcelo era um cliente importante para a empresa, com muitos contatos e sempre projetos grandes para realizar, sendo alguém que trazia bastante retorno financeiro para a Valentin Company.

O jantar começou com conversas sobre negócios, campanhas publicitárias e expansão da Valentin Company. Lívia participava com segurança, consciente de que estava em um ambiente onde cada palavra podia impressionar ou decepcionar. Marcelo, no entanto, aproveitava cada brecha para se aproximar. Tocava levemente seu braço quando comentava algo, inclinava-se para falar mais perto e deixava escapar elogios velados.

— Não sei como Arthur conseguiu encontrar uma assistente tão competente e… encantadora — disse Marcelo, olhando diretamente para ela.

— Foco e competência — Arthur respondeu antes que Lívia pudesse agradecer, sua voz baixa e firme. — É por isso que ela está aqui.

Os olhares que se cruzaram entre os dois homens tinham mais do que palavras não ditas. Lívia percebeu, mas fingiu não notar, mantendo o sorriso cordial.

No meio do jantar, enquanto Arthur conversava com um dos sócios, Marcelo se inclinou novamente.

— Já pensou em mudar de ares? — ele perguntou, num tom sugestivo. — Acredito que empresas como a minha poderiam valorizar ainda mais seu talento.

Lívia ergueu uma sobrancelha, mas manteve o tom neutro.

— Estou muito satisfeita onde estou, Marcelo.

Arthur, que parecia distraído, no mesmo instante encarou Lívia. Seu olhar pousou nela, carregado de algo que Lívia não conseguiu decifrar de imediato.

Quando a sobremesa foi servida, o clima à mesa já estava marcado pela disputa silenciosa. Marcelo continuava tentando arrancar sorrisos e respostas mais pessoais, enquanto Arthur mantinha-se mais reservado, mas atento a cada gesto.

—Você gostou das flores? — questionou Marcelo com um sorriso de canto.

—Gostei, mas não precisava se incomodar com isso. — respondeu discreta, querendo cortar o assunto.

Porém ele insistiu:

—Posso enviar girassol da próxima se preferir. — disse encarando Livia de forma que a deixou desconcertada.

Percebendo o desconforto de Lívia, Arthur logo se intrometeu novamente na conversa trazer assuntos pertinentes ao trabalho.

Ao final do jantar, todos se levantaram para se despedir. Marcelo deu um passo à frente.

— Posso levá-la para casa, Lívia. Não quero que volte sozinha.

Ela abriu a boca para responder, mas Arthur foi mais rápido:

— Não será necessário. Eu a levo. — Sua voz não deixava espaço para contestação.

Marcelo sustentou o olhar dele por alguns segundos antes de forçar um sorriso e se afastar.

No carro, o silêncio inicial era carregado. Arthur mantinha os olhos na estrada, as mãos firmes no volante.

— Ele é insistente demais — disse finalmente. — Não gosto da forma como olha para você.

Lívia sorriu de leve.

— Sei me cuidar sozinha, Senhor Valentin.

Ele desviou o olhar da rua por um segundo, os olhos fixos nos dela.

— Não tenho certeza disso.

O ar pareceu rarefeito por um instante. Ela desviou o olhar para a janela, mas sentia a tensão pulsando no interior do carro. Quando chegaram em frente ao prédio dela, Arthur estacionou e permaneceu em silêncio por alguns segundos, como se medisse o momento.

Ele se inclinou ligeiramente, o suficiente para que o perfume amadeirado e marcante que usava a envolvesse. Sua mão roçou de leve a dela ao entregar a bolsa que estava no banco traseiro.

— Boa noite, Lívia. — A voz dele soou grave e baixa.

Ao se aproximar para um beijo no rosto, seus lábios roçaram mais próximos do que deveriam da pele dela, deixando um arrepio em seu caminho. Ela sentiu o calor subir, a respiração acelerar, e antes que pudesse reagir, ele já havia recuado, um leve sorriso nos lábios.

— Até amanhã. —

Lívia entrou no prédio com passos firmes, mas o coração disparado. Subiu até seu apartamento, tirou os sapatos e foi direto para o banho. A água quente escorria pela pele enquanto imagens da noite vinham à mente: o olhar dele, o tom de voz, a proximidade… tudo parecia um jogo perigoso e irresistível.

E, sozinha, com a cabeça encostada no azulejo, ela se perguntou quanto tempo mais conseguiria resistir àquela atração que só crescia.

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