A conversa permaneceu no terreno raso das amenidades por mais alguns minutos. Vitória falava sobre uma exposição de arte moderna que havia visitado, enquanto Paulo apenas observava, como se estivesse guardando palavras para o momento exato em que seriam mais incisivas. Eu me mantinha quieta, bebendo pequenos goles do vinho branco, tentando decifrar a dinâmica à minha frente.
— A mesa está posta — avisou Vitória, com um sorriso tenso. — Vamos jantar?Nos levantamos, e fomos conduzidos à sala de jantar, onde a mesa estava organizada com perfeição: talheres de prata, taças alinhadas, pratos de porcelana fina. Tudo parecia ter saído de uma revista de decoração. Um aroma suave de ervas frescas vinha da cozinha, e uma empregada — que não trocou uma palavra conosco — começou a servir a entrada, uma salada elaborada demais para parecer casual.Nos sentamos. Caio ao meu lado, Vitória à minha frente e Paulo à cabeceira, como um comandante prestes a inspecionar