O silêncio entre nós era confortável, mas pesado, cheio do que não foi dito e do que ainda precisava ser descoberto. Caio serviu o café, o vapor subindo dos copos, e eu fiquei observando seus movimentos — tão naturais, mas com um certo peso invisível.
Eu queria perguntar sobre o que viria depois, mas a dúvida me travava. Era como se o que construímos naquela noite tivesse criado uma linha tênue entre o que éramos antes e o que poderíamos ser. Ele sentiu meu olhar e me lançou um sorriso breve, cansado. — Você está bem? — perguntou, finalmente. — Não sei — admiti, tomando um gole do café, quente demais para o meu gosto. — Acho que ainda estou tentando entender o que isso tudo significa. Ele apoiou os cotovelos na mesa, inclinado para frente. — Eu também. Nunca quis nada tão rápido, Lara. Mas ontem... foi diferente. Você foi diferente. Eu senti o calor subir às bochechas. — V