DavidO cheiro de pólvora e sangue ainda impregna minha pele, mesmo depois de horas. A estrada à nossa frente se estende como um caminho de volta à sanidade, mas dentro de mim, tudo está em chamas. Lizandra está sentada ao meu lado no carro blindado, e a escolta nos cerca como um cerco de proteção invisível. Meus dedos tamborilam impacientes contra o volante, enquanto revisito cada segundo do ataque, cada tiro disparado, cada erro que nos colocou naquela situação. Derick levou a pior, mas está vivo. Vivo e enfrentando a fúria de Clara Horn, e sei que isso não é para qualquer um.Raissa, que nos acompanhou até aqui, se despede com um sorriso satisfeito, depois de ter arrastado Derick pelos corredores do hospital como se ele fosse uma criança levada, ele agora terá que entender que Raíssa agora é uma autoridade da máfia, uma médica e autoridade médica na família é incontestável. Lizandra, exausta, aperta minha mão de leve, seu toque me trazendo de volta ao agora.— Finalmente em casa.
AliceA adrenalina corre pelas minhas veias como fogo líquido. O som ecoante das nossas botas pelo galpão frio da sede da máfia, parece quase musical. Eu e Alícia caminhamos lado a lado, como se fôssemos uma só pessoa, dois lados da mesma moeda. Hoje, a moeda está virada para o lado mais sombrio.Don Vittorio nos autorizou a visitar Marco Sila. Com uma ressalva, é claro: ele precisa permanecer vivo. Por enquanto.Geovane nos acompanha, encostado na parede, o maxilar travado e os olhos atentos. Ele está ali para segurança, mas também para se certificar de que a gente não passe dos limites. Como se houvesse limites quando se trata de um estuprad0r.Ao abrir a porta da cela, o cheiro de suor, sangue seco e medo é quase sufocante. Marco Sila está uma bagunça humana. Quando o boato de que havia um estuprad0r preso aqui se espalhou, diversos soldados vieram contribuir. Digamos que cada um fez questão de deixar a sua marca na alma e no traseiro de Marco.O rosto está inchado, um dos olhos c
AlíciaEu sou Alícia Lambertini, e hoje, o inferno tem um novo artista.Marco Sila está diante de mim, ou o que sobrou dele. Um amontoado de carne pulsante, despido de orgulho, já sem dignidade. Cada gemido que escapa dos seus lábios rachados é como uma música macabra que embala o meu próximo movimento. Eu não sou cruel sem motivo. Sou a justiça de um nome, a vingança de uma família.Alice e eu estamos lado a lado, como sempre. Duas metades de um mesmo todo, duas faces de uma mesma moeda. Ela brinca com os espetos, cravando-os como se decorasse um bolo de aniversário, enquanto eu deslizo os dedos pelo couro do chicote. Sinto a textura firme, a promessa da dor gravada em cada fibra.— Agora é a minha vez, Marco — minha voz sai como um sussurro frio. — Vamos ver como você reage ao toque da minha arte.Ele arregala os olhos, mas não tem forças para lutar. Está acorrentado, humilhado, estuprad0, pelado, reduzido a nada. O chicote corta o ar, estalando contra sua pele já perfurada pelos e
Alícia— Sabe Marco, eu te acho velho demais para tamanha inocência e há uma coisa que você precisa saber sobre mim: eu nunca deixo uma dívida sem pagamento. você ousou tocar no nome da minha família, ameaçou as mulheres que eu amo, e agora está aqui, despido, desonrado e à mercê das minhas mãos.O ambiente no galpão é pesado, saturado pelo cheiro metálico de sangue e suor. O corpo de Marco está estirado sobre a maca, cada parte dele marcada pela nossa "arte". Eu respiro fundo, sentindo a adrenalina correr nas veias, e dou um sorriso de canto ao ver minha irmã, Alice, girar a marreta manchada de sangue. Geovane nos observa, ainda segurando o próprio saco como se quisesse garantir que nada dele acabaria como o de Marco.Mas ainda não terminamos.Sem desviar o olhar do rosto desfigurado de Marco, caminho até a mesa de instrumentos e pego a sonda, ou como gosto de chamar, a sonda do amor. É um tubo metálico, grande, grosso, feito para penetrar os valentões, mas hoje, seu propósito será m
LizandraHá algo no ar esta noite. Uma tensão sutil, quase palpável, como se o universo estivesse prendendo a respiração, aguardando o momento certo para liberar uma tempestade. Estou à beira do desconhecido, a poucas horas de um dos dias mais importantes da minha vida, amanhã, minhas filhas nascerão. As duas pequenas partes de mim e David, frutos de um amor avassalador que me mudou para sempre. Mas, apesar da felicidade, sinto um frio na espinha, uma mistura de ansiedade e excitação, como se algo além do nascimento delas estivesse prestes a acontecer.Trinta e sete semanas. Eu conto cada uma delas nos dedos, como se o simples ato de numerá-las me fizesse sentir mais próxima do grande momento. Minha barriga está enorme, meus pés estão inchados e meus sei0s... Bem, David não cansa de me lembrar o quanto adora vê-los assim, preparando-se para amamentar.— Estão perfeitos, amor — ele sussurra ao me ver trocando de roupa, sua voz rouca de desejo. — Feitos para alimentar as nossas filhas
DarlanEu deveria estar pensando em balanços, contratos, em todos os problemas que esperam por mim no trabalho. Mas não consigo. Minha mente está em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa. Silvia. A imagem dela me assombra, cada curva, cada sorriso, cada gemido que já arranquei dela. Está me enlouquecendo.Saio da sede do grupo Lambertini, o som dos meus sapatos ecoando pelo mármore frio, e vou direto para o carro. O motorista sequer pergunta o destino, já sabe. Silvia. Envio uma mensagem curta:— Te quero agora.Não demora muito para ela responder. Um simples:— Estou te esperando.Malldita. Ela sabe o efeito que tem sobre mim.Quando chego, Silvia está encostada na porta do prédio, um vestido justo que parece pintado no corpo. O olhar malicioso dela é o suficiente para me fazer esquecer quem sou, onde estou, e qualquer outra coisa que não seja a fome insana de possuí-la.Sem trocar muitas palavras, a levo para a minha cobertura. Não espero nem que a porta se feche completamente pa
Conteúdo sensívelDerickO cheiro de ferro e carne queimada impregna o ar, denso, sufocante, quase sólido. O som da motosserra ecoa em meus ouvidos, um rugido cruel que combina perfeitamente com a trilha sonora dos gemidos abafados de Marco Sila. Ele está ali, amarrado, uma sombra patética do homem arrogante que um dia ousou ameaçar a família. O que vejo diante de mim não é mais um homem, é um amontoado de carne retorcida, de desespero e agonia. E eu… eu estou me deliciando.— Sabe, Marco… — Minha voz sai suave, quase gentil, e isso só parece intensificar o terror nos olhos dele. — Eu deveria agradecer. Não é todo dia que alguém me oferece uma oportunidade tão divertida de me expressar. Você é o meu quadro em branco, e eu estou pintando com o seu sangue.Ele tenta balbuciar algo, mas os soluços e a dor o impedem. A saliva misturada com o sangue escorre pelo canto de sua boca, e eu apenas sorrio. Darlan está ao meu lado, sua expressão é serena, mas seus olhos brilham com a mesma sede q
Lizandra O sol invade o quarto através das cortinas entreabertas, mas nada é mais quente do que a chama que arde dentro de mim. É hoje. O grande dia em que as minhas filhas chegarão ao mundo. Meu coração pulsa em um ritmo acelerado, uma mistura de ansiedade e alegria que quase me consome por dentro. Vou conhecê-las, sentir o cheiro delas, tocá-las pela primeira vez… mas há um medo sutil escondido atrás dessa felicidade. Porque hoje também é o dia em que talvez possa me distanciar do homem que amo. David está ao meu lado, dormindo serenamente, o rosto perfeito, os cílios descansando sobre a pele clara. Observo o seu peito subir e descer, a cada respiração calma, e me pergunto quantas noites ainda teremos assim antes que tudo mude. Deslizo minha mão pelo seu corpo nu, sentindo seus músculos firmes, memorizando cada linha e curva. Beijo seu ombro, seu pescoço, e desço… até encontrar sua ereção rígida, pulsante, uma resposta inconsciente ao meu toque. Um desejo urgente me toma, uma ne