Entrei no quarto sem bater. Nunca precisei.
Luca estava sentado na poltrona de couro perto da janela, o blazer jogado no encosto e a camisa social aberta até o meio do peito. O olhar perdido no jardim escuro do lado de fora. Um copo de uísque nas mãos, quase vazio.
Ele não virou quando ouviu a porta.
— Já sei — disse com voz baixa — O interrogatório terminou?
— Terminou. Foi o que o Marco me disse.
Fiquei de pé, a poucos metros dele. Minhas mãos ainda tremiam. Não de medo. De fúria. De impotência.
— Merda, Luca. Se a Sara não tivesse visto...
— Mas ela viu — ele me interrompeu, sem se virar — Sempre vê o que ninguém mais vê.
Eu respirei fundo. Aquilo me atravessava. Ela. Sempre ela. A ponte entre nós dois, e agora o nó mais apertado da corda.
— Esse desgraçado... — continuei, tentando manter a voz controlada — Estava a centímetros de te matar. A bomba estava posicionada no seu lado. Era pra ser pessoal. Cirúrgico.
Luca levou o copo aos lábios, bebeu o resto num só