A sala de contenção da ala leste era fria e isolada. Sem janelas, sem distrações. O único som era o eco das minhas próprias botas batendo no piso enquanto me aproximava da cadeira metálica no centro do cômodo.
O homem estava algemado pelos pulsos e tornozelos. A cabeça baixa, o boné escuro jogado ao chão. Seu nome constava como Emil Kostov, documentação aparentemente em ordem. Ficha limpa, perfil discreto. Inofensivo.
Ou assim ele quis parecer.
Rafael estava ao meu lado, braços cruzados, a expressão pétrea. Dois dos nossos homens faziam guarda na porta. Tudo sob controle.
Puxei uma cadeira e a arrastei devagar para perto dele. Sentei de frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. Fitei-o em silêncio. O desgraçado mal se mexia. Mas o suor escorria pela têmpora.
— Então, Emil... devo te chamar assim?
Ele engoliu seco. Não respondeu.
— Ou prefere o nome verdadeiro, aquele que usava na Bulgária, antes de sumir por três anos?
Os olhos dele finalmente se ergueram. Pequeno vacilo.
Ra