Eu não dormi naquela noite.
Depois que Enzo saiu pela porta, com os olhos carregando tudo o que eu nunca tive coragem de dizer, a casa pareceu encolher. Ficou pequena demais para os meus pensamentos. Eu me encolhi também, no sofá, com um cobertor sobre os joelhos e a xícara de chá já fria entre os dedos.
O silêncio dele ainda ecoava aqui dentro. Não era só ausência. Era um tipo de vazio que sufoca.
Enzo me olhava como se enxergasse tudo o que eu tentava esconder. E isso sempre me deu medo. Porque, com Luca, eu aprendi a sobreviver. Com Enzo, eu aprendi a sentir. Mas agora… agora tudo parecia quebrado. E eu estava no meio dos cacos.
Fechei os olhos e deixei minha cabeça cair para trás, apoiada no encosto do sofá.
“Você se perdeu nele.”
As palavras dele. Diretas. Frias. Doloridas.
Talvez ele estivesse certo.
Luca me encontrou quando eu estava no fundo do poço. Quando ninguém estendeu a mão, ele me deu abrigo, nome e propósito. Ele me moldou com sua força. E eu me agarr