Ponto de vista: Enzo
O sedã preto dobrou uma esquina com pressa disfarçada, mas eu não era iniciante. Sabia ler um carro como um atirador lê o fôlego antes do disparo.
Estavam tentando me despistar.
A moto ronronava debaixo de mim como uma pantera prestes a cravar os dentes. Mantive distância, dois carros entre nós, os olhos nas placas sujas, nas setas não usadas, nas hesitações nos cruzamentos.
Era gente treinada.
Mas não como eu.
Liguei o comunicador interno, disfarçado sob o capacete.
— Chefe, estão em movimento. Indo em direção à zona industrial do setor leste.
A resposta veio em segundos, carregada de gelo.
— Entenda quem são. Se puder seguir, siga. Se tentarem algo, derrube.
Simples. Como sempre.
Mas não era tão simples assim.
Porque eu reconhecia o símbolo tatuado na nuca do passageiro quando ele desceu na última parada do farol. Um dragão devorando a própria cauda.
A marca da Guangue de Reiko Sun.
Não se ouvia o nome dele em voz alta desde que Luca o executou um dos homens com