POV LUCA
Depois que ela saiu da sala, ficou um cheiro de tempestade e doçura. Não sei que perfume é aquele que Sara usa, mas tem o estranho efeito de permanecer mesmo quando ela já não está. Como se o próprio ar se recusasse a deixá-la ir.
Recolhi os papéis que ela deixara sobre a mesa. Nenhum dano. Nenhuma cópia. Mas ela viu demais. E isso podia significar duas coisas: ou ela se tornaria uma aliada... ou uma vulnerabilidade.
Matteo entrou sem bater. Claro. O idiota nunca soube o que significa privacidade.
— Ela mexeu nos arquivos, não foi? — ele disse, jogando-se no sofá de couro ao lado.
— Você estava ouvindo?
— Eu ouço tudo. E você fala alto demais quando está nervoso.
Não respondi. Enchi o copo de novo.
— E então? Vai dar um sumiço nela ou...
— Ou eu deixo ela se tornar o que precisa ser.
Matteo franziu o cenho.
— Isso não soa como você.
— Não sei se ainda sei quem sou, para falar a verdade.
Ele riu com desdém.
— Poético. Você acha que ela vai querer ficar quando sou