O silêncio do apartamento de cobertura era quase ensurdecedor.
Dante encostou a porta com força, como se o estalo seco fosse capaz de calar os pensamentos que zuniam em sua mente. Jogou a chave sobre o aparador e afrouxou a gravata, os passos ecoando pelo mármore frio até o bar, onde serviu um generoso copo de uísque. Nem olhou o rótulo.
Precisava apagar a raiva. Ou talvez, admitir que ela não era o verdadeiro problema.
Valentina.
Aquela mulher estava deixando tudo fora de controle.
Ele tinha criado regras. Limites. Um contrato. Uma armadura.
E, no entanto, ali estava ele: atravessado de emoções que odiava admitir, vulnerável a cada resposta afiada dela, a cada olhar desafiador, a cada toque que, mesmo quando recusado, parecia incendiar sua pele.
Bebeu em um gole só.
Na parede do escritório, a tela de segurança exibia imagens em tempo real da empresa. Ele congelou quando viu Valentina na garagem, entrando n