O céu de Ilhéus estava pintado com tons de rosa queimado e dourado. O entardecer parecia um filtro de filme antigo, cobrindo tudo com um ar de nostalgia e beleza plástica. Na entrada da fazenda, o portão de madeira de lei estava decorado com arcos de flores brancas e laços azul bebê. Era como se o lugar tivesse sido arrancado de um comercial de margarina — uma falsa felicidade reluzente em cada canto.
As primeiras caminhonetes estacionavam na estrada de terra batida. Homens de chapéu panamá, mulheres com vestidos leves de linho e joias discretas desciam sorrindo, com seus celulares já erguidos, prontos para registrar o “evento do ano”. Pedro cumprimentava cada um com uma energia artificial. “Seja bem-vindo! Que honra receber você aqui!” A voz dele era animada demais, cada palavra um esforço de teatro. Os ombros dele estavam duros, a gravata torta. Uma gota de suor escorria pela têmpora, mas ele não se dava o luxo de enxugar