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Ser a Mulher Perfeita É a Minha Vingança

Ser a Mulher Perfeita É a Minha VingançaPT

História Curta · Contos Curtos
Wesley Farias  concluído
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Resumo
Índice

O médico disse que, sem a terapia experimental mais avançada, eu só teria mais setenta e duas horas de vida. Mas a única vaga para o tratamento foi dada por Francisco Silva a Beatriz Costa. Ele disse: — O quadro de insuficiência renal dela é mais grave. Assenti com a cabeça, engolindo aqueles comprimidos brancos que acelerariam a minha morte. No tempo que me restava, fiz muitas coisas. Na hora de assinar, a mão do advogado tremia: — Vinte bilhões em ações, a senhora realmente deseja transferir tudo? Respondi: — Sim, para a Beatriz. Minha filha, Sarah, sorria feliz nos braços de Beatriz: — A mamãe Beatriz comprou um vestido novo pra mim! Falei: — Que lindo. Daqui em diante, obedeça à mamãe Beatriz. A galeria que eu mesma criei agora ostentava o nome de Beatriz. — Valentina, você é maravilhosa. Ela chorava ao dizer isso. Respondi: — Você irá administrá-la melhor do que eu. Até mesmo o fundo fiduciário dos meus pais eu assinei e renunciei. Francisco finalmente estampou o primeiro sorriso genuíno em anos: — Valentina Costa, você mudou. Não é mais tão agressiva. Assim, você está linda. Sim, à beira da morte, eu finalmente me tornei a 'Valentina perfeita' aos olhos deles. Submissa, generosa, sem discutir: Valentina. A contagem regressiva das setenta e duas horas havia começado. Ficava curiosa, no instante em que meu coração parasse, do que eles se lembrariam sobre mim. Lembrariam de mim como a esposa que finalmente aprendeu a desistir? Ou como a mulher que concluiu sua vingança com a morte?

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Capítulo 1

Capítulo 1

O marido dizia que eu não era carinhosa o suficiente, os pais que eu era egoísta demais, minha filha dizia que amava mais a mamãe Beatriz. Então, decidi que, nas últimas setenta e duas horas, daria minha vida e tudo o que possuía a essa mulher perfeita.

As palavras do médico ecoavam nos meus ouvidos:

— Câncer em estágio terminal: se não iniciar imediatamente o tratamento especial, terá no máximo três dias de vida.

Reclinei-me no quarto do hospital, olhando para fora da janela.

Como esposa de Francisco Silva, tentei manter este casamento por sete anos, até a chegada dela.

— Está tudo bem com você?

A porta se abriu e era meu marido, Francisco, que entrou.

No rosto dele, uma expressão de leve impaciência.

Respondi baixinho:

— Estou bem.

Ele franziu a testa:

— O médico disse que você precisa daquela vaga para tratamento experimental, mas...

— Mas a Beatriz precisa mais, não é?

Completei, esboçando um sorriso amargo.

Beatriz Costa, a pobre menina do orfanato que convenci meus pais a adotar quando eu tinha doze anos.

Tratei-a como uma irmã de sangue, jamais imaginando que ela tiraria tudo de mim.

— Valentina, você precisa entender.

O tom de Francisco suavizou.

— O estado da Beatriz é mais grave. Ela disse que os rins estão quase falhando, e você... você parece bem.

Sim, eu realmente parecia bem.

Ninguém sabia que, para não preocupá-los, eu vinha tomando doses letais de analgésicos que mascaravam as dores lancinantes do câncer.

— Eu entendo. — Falei com serenidade. — Dê a vaga para ela.

Francisco visivelmente relaxou:

— Eu sabia que você entenderia. Você mudou tanto nesses anos, já não é mais teimosa como antes.

Teimosa?

Ri friamente por dentro.

Mas, desde que Beatriz chegou, toda vez que insisti em algo, fui vista como 'ciumenta' e 'mesquinha'.

À noite, forcei-me a voltar para casa.

— Mamãe!

Assim que me viu, Sarah correu para se esconder atrás de Beatriz.

— Sarah.

Sorri com esforço.

— Valentina, você voltou.

Beatriz usava o conjunto da Chanel que lhe dei, sentada no lugar que costumava ser meu.

— Beatriz, tenho algo para você.

Fui ao escritório e peguei uma pasta de documentos:

— Aqui está a transferência da galeria em meu nome. Quero que fique com você.

— O quê?

Beatriz levantou-se, chocada:

— Valentina! Essa é a sua galeria favorita!

Sim, era a galeria que fundei, meu maior orgulho.

Mas agora, isso não importava mais.

— Você vai administrá-la melhor do que eu.

Sorri:

— Considere um presente de casamento antecipado.

O rosto de Beatriz mudou por um instante, mas logo retomou a expressão ingênua:

— Por que está dizendo isso?

Aproximei-me dela e disse baixinho:

— Eu já sei de tudo, mas não faz mal. Eu lhes desejo felicidade.

Nesse momento, Francisco entrou, um pouco tenso ao nos ver juntas:

— Sobre o que vocês estão conversando?

— Valentina vai me dar a galeria.

Os olhos de Beatriz estavam marejados:

— Ela é maravilhosa.

Francisco me olhou com um olhar complexo:

— Valentina, você...

— Estou cansada.

Interrompi-o:

— Vou subir para descansar. Sarah, seja obediente.

— Tá bom.

Sarah respondeu sem emoção e logo se virou para Beatriz:

— Mamãe Beatriz, vamos continuar brincando?

Mamãe Beatriz.

Meu coração doeu.

De volta ao quarto, apoiei-me na porta, sem forças para continuar de pé.

As células cancerígenas devoravam minha vida, e os remédios aceleravam esse processo.

Comecei a arrumar o armário.

Vestidos caros, joias, bolsas — tudo em breve pertenceria a Beatriz.

— Restam setenta e duas horas.

Disse ao meu reflexo pálido no espelho:

— Valentina, nos últimos três dias, deixe que eles se lembrem de uma versão perfeita sua.

Eu sabia que a verdade viria à tona. Já deixara tudo preparado para depois da minha morte, e os documentos que reuni desmascarariam Beatriz. Eu sabia que eles acabariam se arrependendo.

Mas, nessa altura, eu já não estaria mais aqui.

E essa seria a minha vingança.
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