— Por favor, volte imediatamente. — A voz de Olívia soou calma e firme.
Enquanto isso, na família Costa.
— O quê? Valentina vai renunciar ao direito de herança do fundo fiduciário?
Mirella segurava o telefone, a voz carregada de choque:
— Tem certeza de que não está enganado? São quinhentos milhões!
— Sra. Costa, os documentos foram entregues ontem à tarde, com a assinatura da Srta. Costa. — A voz do advogado veio do telefone. — Ela disse que queria transferir todos os direitos para a Srta. Beatriz.
Marcelo Costa tomou o telefone das mãos dela:
— Isso é impossível! Valentina até gosta da Beatriz, mas não a esse ponto!
— Sr. Costa, não é só o fundo fiduciário. Pelo que pude apurar, a Srta. Costa também transferiu a galeria dela nos últimos dias, as ações da empresa e até aquela coleção de obras de arte que vocês deram para ela...
— O quê? Até o Monet autêntico que a mãe dela deixou ficou com Beatriz? — O rosto de Mirella empalideceu.
— Sim. E todos os procedimentos foram legais, já estão registrados em cartório.
Depois que desligaram o telefone, os dois idosos se entreolharam.
— O que será que essa menina está pensando? — Mirella andava para lá e para cá, aflita. — Ontem à noite, na festa, ela parecia tão calma...
— Muito estranho. — Marcelo franziu a testa. — Valentina nunca foi impulsiva. Ela deu tudo para Beatriz... Isso não é do feitio dela.
— Será que... — Mirella hesitou. — Será que ela ficou abalada por causa do noivado de Francisco com Beatriz?
— Ligue para ela!
— Já liguei, está desligado. — Mirella ficou ainda mais aflita. — Depois da festa, ela saiu sozinha. Eu ainda queria conversar com ela hoje, para que não ficasse tão triste.
De repente, Marcelo explodiu:
— Você sempre elogiou a Beatriz, dizendo que ela é dócil, e que Valentina é autoritária. Agora está aí, Valentina deu tudo para Beatriz, está satisfeita?
— Como eu ia saber que ela faria isso? — Mirella também perdeu a calma. — Eu só achava a Beatriz mais frágil, mas Valentina é minha filha, afinal!
— Não adianta discutir agora. O importante é encontrá-la!
Os dois começaram a ligar desesperadamente, procurando amigos de Valentina, colegas da empresa, até funcionários da galeria.
Mas a resposta era sempre a mesma: a Srta. Valentina estava muito estranha nos últimos dias, tinha resolvido todas as pendências, como se estivesse se despedindo.
— Despedindo? — A voz de Mirella tremia. — Não fale isso!
— Sra. Costa, não estou inventando. — O gerente da galeria disse ao telefone. — A Srta. Valentina esteve aqui anteontem, fez uma revisão completa da coleção e explicou a origem de cada obra. Ela disse... disse que iria para um lugar muito distante.
O celular de Mirella caiu no chão.
— Querida? O que houve?
Marcelo a amparou.
— Valentina... Será que a Valentina... — O rosto de Mirella ficou pálido como papel. — Ela deu tudo para a Beatriz, será que...
— Pare com essas ideias! — Marcelo a interrompeu, mas sua voz também tremia. — Vamos para a família Silva! Ela esteve lá ontem à noite, talvez...