Otávio
O silêncio do meu escritório pesa mais do que qualquer voz.
Fecho os olhos e volto no tempo — para aquele dia cinza, frio, em que me vi obrigado a assinar o divórcio.
Ela estava no hospital. Sozinha. Frágil. Quebrada.
O amor da minha vida, a mulher que eu tinha prometido cuidar, não me reconhecia. Não via em mim nada além de um estranho.
Aquele vazio no olhar dela me dilacerava mais que qualquer palavra.
E ali, naquele quarto branco, entre máquinas e bipes, senti meu coração partir em mil pedaços.
Foi quando Sofia apareceu.