A ala dos idosos estava silenciosa naquela noite, exceto pelo barulho ocasional de um relógio marcando o tempo lento dos dias ali dentro. A luz das lâmpadas amarelas pendia sobre os corredores, lançando sombras longas e tênues nas paredes descascadas. Eu me movia com passos cuidadosos, tentando não acordar ninguém, mas também sem pressa — precisava daquele momento de solitude para juntar as peças que minha mente teimava em esconder.
Virei a esquina do corredor e meus olhos foram atraídos por algo no chão, quase camuflado entre os sapatos esquecidos e os pequenos objetos pessoais que os moradores deixavam ao lado dos seus leitos. Era uma pequena caixa de madeira, antiga, com detalhes entalhados que pareciam desgastados pelo tempo e pelo toque de muitas mãos.
Curiosa, me abaixei para pegá-la. A madeira estava fria e áspera, mas firme. Havia um leve cheiro de poeira misturado com uma essência doce, que me era estranhamente familiar, quase como a fragrância de uma flor seca que eu não con