Part 2 - Página 14
A cidade me recebe como uma velha conhecida que não sabe se deve sorrir ou se virar de costas. E eu entendo. Foi aqui que vivi, que morri um pouco, que renasci — mesmo que aos pedaços.
O hotel é simples, mas acolhedor. Escolhi de propósito um lugar sem memórias. Um lugar neutro. Sem história. Para poder escrever uma nova.
— Dois dias, tá? — aviso a Otávio, enquanto ele abre as janelas e deixa o sol entrar. — Só o suficiente pra eu fazer o que preciso.
Ele me lança um sorriso calmo.
— Dois dias. E eu tô aqui do seu lado. Você não precisa carregar isso sozinha.
— Eu sei… — murmuro, deixando a mala aos pés da cama. — Mas algumas coisas eu preciso encarar sozinha. Só que dessa vez… com você esperando do lado de fora da porta, talvez.
Ele se aproxima devagar e me abraça por trás, os braços envolvendo minha cintura.
— Eu espero onde você quiser. Só não desaparece de novo.
Me viro pra ele e toco seu rosto. Ainda me assusto com o quanto amo esse homem. Ainda tenho medo de n