A manhã estava abafada, o céu coberto por nuvens espessas que ameaçavam uma chuva que nunca vinha. Eu caminhava pelos corredores do asilo com a prancheta em mãos, conferindo algumas anotações de rotina, quando ouvi vozes vindas da ala médica. Nada fora do comum — até o momento em que o vi.
Otávio.
Ele estava ali de novo, ao lado do Dr. Humberto, examinando algo nos quadros de medicação. Era impossível ignorar sua presença. Ele parecia preencher o espaço sem fazer esforço. Alto, sempre tão bem vestido, com aquela postura firme e o olhar... Mas dessa vez, o olhar não era o mesmo.
Ele me viu antes que eu tivesse tempo de fingir que não tinha notado. Nossos olhos se encontrara