A manhã em Arkhadia nasceu envolta por uma bruma suave e dourada, que dançava entre as torres do castelo como véus delicados anunciando mudanças. O céu se abria lentamente, tingido em tons suaves de lavanda e âmbar, como se até os céus soubessem que aquele não seria um dia comum.
No quarto de paredes brancas e janelas amplas, Clarice arrumava suas coisas em silêncio. O manto de comandante dobrado sobre a cama, as botas ao lado da mochila de couro, as runas que sempre guardava presas ao cordão de prata, repousando sobre a mesa como um lembrete do que ela havia se tornado.
Ela estava pronta. Ou, ao menos, tentando estar.
Um leve toque na porta a tirou do devaneio.
— Pode entrar — disse, sem se virar.
A porta se abriu com suavidade, revelando Kaelith e Lysendra. Não como rei e rainha. Mas como seus pais. Seus protetores. Os únicos que conheciam o real significado de cada cicatriz que ela escondia.
Kaelith entrou primeiro, trajando vestes casuais, mas mantendo a postura régia que nunca o