O tempo parecia suspenso naquela manhã, como se até os deuses tivessem prendido a respiração. Mas dentro da torre leste, onde os ventos não alcançavam, havia apenas o som das batidas do coração — o dela, o dele, os dois entrelaçados em um silêncio raro.
Clarice sentia o calor da lareira tocando a pele enquanto retirava lentamente a capa pesada dos ombros. Ares observava de perto, encostado à porta, ainda usando a roupa de batalha, mas os olhos... estavam presos nela. Não com desejo voraz, mas com reverência. Como se vê algo que se pode perder a qualquer momento.
Ela virou-se devagar, os cabelos soltos caindo sobre os ombros, e encontrou aquele olhar.
— Você está me olhando como se fosse a última vez. — disse ela, tentando sorrir, mas a voz saiu trêmula.
Ares caminhou até ela, devagar. Parou a poucos centímetros, alto, imponente, mas vulnerável como nunca.
— Porque talvez seja. — respondeu ele, sem rodeios.
Clarice piscou, mas não desviou. Em vez disso, ergueu uma das mãos e tocou o pe